DESTAQUEMEIO AMBIENTE

Desmatamento na Amazônia superou 10 mil km² entre agosto de 2018 e julho de 2019

Taxa anual oficial calculada pelo Inpe aponta 10.129 km2 de área desflorestada, maior valor desde 2008. Os estados do Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia correspondem a 84,56% de todo desmatamento observado na ALB.

A área desmatada na Amazônia legal foi de 10.129 km² no período de agosto de 2018 a julho de 2019. Os dados gerados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) foram divulgados nesta terça-feira (9), pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Os números correspondem a um aumento de 34,4% em relação ao mesmo período anterior (agosto de 2017 a julho de 2018), que registrou 7.536 km² de área desmatada. É a maior área desde 2008, quando o Prodes apontou 12.911 km² desmatados.

Os estados do Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia correspondem a 84,56% de todo desmatamento observado na Amazônia Legal Brasileira.

Figura 1 – Mapa de calor das ocorrências de desmatamento identificadas no PRODES 2019, nas 229 cenas que compõem a Amazônia Legal Brasileira.

Mais de 41% do desmatamento total na Amazônia Legal do ano passado concentrou-se no Pará, onde a área de vegetação cortada aumentou 52% em relação ao ano anterior. Em 2019, foram suprimidos 4.172 km2 de vegetação nesse estado, ante 2.744 km2 em 2018.

Depois do Pará, os estados que mais promoveram o corte de vegetação foram Mato Grosso, Amazonas e Rondônia, que responderam, respectivamente, por 17%, 14% e 12% da área de vegetação suprimida em 2019. Juntos, os quatro estados representaram quase 85% da área desflorestada no ano passado.

O Inpe também divulgou outro cálculo que mostra o aumento do desflorestamento na Amazônia Legal. É o chamado incremento do desmatamento, igualmente baseado em dados do Prodes, mas abrangendo o corte de vegetação em áreas de qualquer tamanho, inclusive menores que 6,25 hectares. Essa abordagem indica que a área total desmatada em 2019 na Amazônia foi de 10.896 km2.

Calculado desde 2008, o incremento tende a ser um pouco maior do que a taxa oficial de desmatamento. Mas os dois números contam a mesma história em linhas gerais. No entanto, o incremento permite monitorar a evolução do corte da vegetação em municípios, unidades de conservação e terras indígenas, filtros que não podem ser adotados no cálculo da taxa anual. “Sabemos exatamente a localização espacial de cada área desmatada”, comenta Claudio Almeida, Coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e outros Biomas do Inpe.

Tanto nas unidades de conservação como nas terras indígenas, o incremento do desmatamento foi recorde em 2019. Nas unidades, foram cortados 1.110 km2 de vegetação no ano passado, 45% a mais do que em 2019 (767 km2). Criada em 2006 pelo governo do Pará, a Área de Proteção Ambiental Trunfo do Xingu perdeu 436 km2 de matas e, sozinha, representou 40% do desflorestamento total em unidades de conservação no ano passado. Nas terras indígenas, o desflorestamento atingiu 497 km2, quase o dobro dos 260 km2 de vegetação cortada em 2018 nesse tipo de propriedade.

Em 2019, cerca de um quarto dos desflorestamentos em terras indígenas se concentrou na reserva dos Ituna-Itata, no Pará, nas cercanias da Usina de Belo Monte. Foram desmatados 120 km2, pouco menos de 10% da área total da reserva dos índios. A segunda terra indígena mais desmatada, com 85 km2 de vegetação suprimida em 2019, foi a dos Apyterewa, também no Pará.

Com informações da Pesquisa FAPESP

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