DESTAQUETECNOLOGIA & INOVAÇÃO

Crianças e adolescentes apresentam melhorias urbanas para cidades inteligentes em torneio internacional de robótica em Manaus

FIRST LEGO LEAGUE

Meninos e meninas de 9 à 16 anos, com ideias para tornar o mundo melhor de se viver irão apresentar soluções para problemas urbanos da cidade de Manaus por meio de projetos para a competição internacional First Lego League (FLL). A etapa regional do torneio começa nesta sexta-feira (7/2) e vai até este sábado (8/2), no Sesi Clube do Trabalhador do Sesi, na Zona Leste de Manaus, no horário de 8h às 17h. Os projetos foram desenvolvidos pelos alunos da escola de robótica Manaós Tech for Kids e levaram cerca de seis meses para ficarem prontos.

O tema da FLL para 2019/2020 é “City Shaper” que dá aos estudantes o poder de ajudar a construir cidades cada vez melhores. Durante o torneio, crianças e adolescentes são desafiados a encarar problemas da sociedade moderna, trabalhando em times de dois a dez integrantes e inspirando-se em valores como respeito, ganho mútuo e competição amigável. Seguindo as regras feitas especificamente para cada temporada, os competidores constroem soluções em robótica baseadas na tecnologia LEGO Mindstorms, que devem ser programados para cumprir uma série de missões.

“Esse é o maior torneio de robótica do Planeta, onde mais de 300 mil crianças e adolescentes participam. E ele é muito interessante porque, além de trabalhar a parte de robótica, ele trabalha a parte comportamental e psicológica das crianças. Os resultados desses projetos são muito importantes, porém, a forma com a qual os alunos chegam a esses resultados é de forma amigável, se é compartilhando com as outras equipes, se é aprendendo juntos com os treinadores , isso é o que torna a competição ser mais incrível ainda. Além disso, tem o projeto científico como resultado final que favorece a propagação da metodologia científica para jovens desde cedo”, explica CEO da Manaós Tech, Glauco Aguiar.

Solucionando problemas de Manaus

Os projetos tiveram total participação dos alunos que se dedicaram para elaborar soluções para problemas enfrentados no dia a dia de cidades grandes como Manaus. Dentre eles está a “Drain Walker” que foi pensado em resolver os problemas de alagamentos urbanos. É desenvolvido por um sistema de drenagem urbano composto por duas camadas: uma que recebe a água da chuva, feita com pedriscos, cimento e outros materiais, e a outra feita por uma camada inferior feita em impressora 3D, que pode redirecionar a água para as casas dos moradores, estações de tratamento ou para o esgoto.

“É uma calçada capaz de drenar a água nas ruas quando chover. A ideia é colocá-la no meio e nas laterais das ruas para que a chuva possa escoar para o meio e lados, assim irá drenar a água com mais facilidade. Além disso, a Drain Walker é branca e vai rebater a luz do sol e impedir que o asfalto fique tão quente no verão, ajudando também na durabilidade do asfalto”, explicou a aluna Paloma Brito de Farias, 14, da turma Jedi da Manaós Tech.

As turmas tiveram total apoio de seus professores/treinadores que auxiliaram cada fase dos projetos. “Fizemos tudo através de brainstorms, decidindo em conjunto como ficaria melhor e discutindo as ideias”, revela o professor Pedro Cabral.

O outro projeto de melhorias para Manaus é o “Garbage Collector”- um projeto de inovação da equipe Star Tech’. “Nós desenvolvemos o projeto de pesquisa para a FLL com o propósito de ajudar a solucionar um problema mundial que é o lixo. Muitas pessoas não têm onde descartar o lixo e por isso, jogam na rua. Nós criamos um aplicativo chamado Garbage Collector que vai resolver esse problema. O aplicativo envia uma notificação para a Prefeitura mais próxima, como um app de Uber, e daí o caminhão de lixo mais próximo virá recolher o lixo nessa rua. E, feita a coleta, ainda terá a possibilidade de o lixo ser reciclado”, explica a pequena Ana Alice Branco dos Santos, de 9 anos, ao enfatizar que o projeto foi desenvolvido levando em consideração quesitos como: meio ambiente, economia e tecnologia (avaliados em um city shaper).

O pai de Ana Alice, o administrador Moisés Branco, diz que a experiência com o FLL é um momento no qual a criança deixa o mundo de brincadeiras dela e passa a ter uma visão de mundo, fazendo parte dele.

“A dinâmica é muito legal porque na FLL eles (alunos) pensam numa solução para os problemas da cidade deles. Enquanto na sala de aula se aprende sobre tecnologia, ela aprende inclusive que ela pode criar tecnologia e isso é interessante porque ela não aprende só como usuário, mas aprende também como uma inventora que pode criar um robô”, avalia Moisés.

Outro projeto interessante desenvolvido pelas turmas da FLL, está no projeto “Caçaí” que trabalha soluções divertidas para a questão do uso e visitação de espaços públicos.

“Muitos espaços públicos em Manaus são abandonados ou pouco valorizados. Então, os alunos desenvolveram um aplicativo no estilo Pokemon GO que vai contar com vários QR codes espalhados nesses lugares, como: Largo de São Sebastião, Parque do Mindu, etc. A pessoa lê o QR code com esse aplicativo e daí aparece uma projeção do patrimônio, como o Teatro Amazonas, por exemplo, e então começa um quiz com perguntas variadas sobre Manaus”, explica o professor José Venâncio ao destacar que os jogadores ainda ganham pontos e podem ‘comprar itens’ para seu avatar no app, a cada QR code lido, ou seja, a cada espaço visitado, públicos de Manaus.

Também pensando em resolver problemas urbanos associados à sustentabilidade, os alunos da escola de robótica desenvolveram um projeto de telhas sustentáveis utilizando como principal matéria prima a garrafa PET.

“Os alunos viram no enorme impacto negativo produzido pelas garrafas PET nas ruas de Manaus, e junto com a necessidade de soluções sustentáveis mais baratas, eles viram uma alternativa para o uso dessas garrafas. Daí então surgiu o protótipo das telhas para verificarmos questões de resistência e o próprio manuseio”, explica o professor Eduardo Lira que fez a mentoria dos alunos.

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