Parceria público-privada viabiliza beneficiamento da produção de castanha em Tapauá
A Abufari Produtos Amazônicos investiu de mais de R$ 1 milhão na usina e técnicos da Sepror e Idam estão orientando castanheiros sobre boas práticas de manejo do produto
Segundo maior produtor brasileiro de castanha do Brasil, o estado do Amazonas dá mais um passo importante para manter a posição. Fruto de uma parceria entre o poder público e a iniciativa privada, entrará em operação, a partir de 2020, mais uma usina de beneficiamento do produto, desta vez, no município de Tapauá, no rio Purus, região sul do Amazonas (distante 449 quilômetros de Manaus).
De acordo com informações da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), a usina, que está sendo construída, pelo grupo empresarial Abufari Produtos Amazônicos, terá capacidade inicial de produção de até 80 toneladas de castanha desidratada, no primeiro ano de atividade.
O empreendimento, orçado em mais de R$ 1 milhão e deverá ser inaugurada no segundo semestre deste ano, gerando emprego e renda para trabalhadores locais e levando o crescimento econômico há muito esperado por aquela região do interior amazonense.
Enquanto as obras civis e a instalação dos equipamentos prosseguem, equipes do Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) estão, desde março, realizando cursos de boas práticas de manejo da castanha do Brasil para 81 castanheiros, divididos em duas turmas. São produtores beneficiários do Projeto Prioritário da Castanha do Brasil, que estão integrados ao processo de fornecimento de matéria-prima para a usina que está em instalação.
Os engenheiros do Idam, Nadiele Pacheco e Luiz Rocha, foram os instrutores dos cursos de capacitação. “Os cursos contemplam aulas teóricas e práticas dentro dos castanhais, e são o início de uma série de atividades que estão previstas no Projeto Prioritário da Castanha-do-Brasil, que tem por objetivo o aumento da produção e produtividade dentro do município de Tapauá, além da melhoria da qualidade do produto”, explica Nadiele.
Sobre a Usina
A usina de castanha do Brasil de Tapauá é administrada pelo empresário Leonardo Baldissera Santos, que decidiu criar a Abufari Produtos Amazônicos em 2019, com objetivo de investir no potencial do município, onde sua família possui terras há aproximadamente 20 anos.
Nas terras do empresário moram 95 famílias de castanheiros, que agora serão também serão os fornecedores de matéria-prima para a usina. A meta inicial, segundo Leonardo Baldissera, é beneficiar até 80 toneladas de castanha do Brasil desidratada, devidamente ressecada, embalada e pronta para consumo no primeiro ano, chegando de 100 a 120 toneladas, no ano seguinte, o que dependerá muito de projeção de safra, mas a ideia é progredir gradativamente a produção.
Inicialmente, a previsão é de que a usina gere aproximadamente 70 empregos diretos e indiretos, com funcionários trabalhando o ano inteiro. “Na sazonalidade de safra, época de beneficiamento, pretende-se aumentar este número, a depender da quantidade de matéria-prima que a for ofertada. Vale enfatizar que a castanha de Abufari é uma das maiores castanhas que existem no Amazonas. Queremos levar o nome de Tapauá para o Brasil e para o mundo, através da Abufarí Produtos Amazônicos”, afirma o empresário.
Tecnologia e Inovação
O projeto para a usina de castanha do Brasil da agroindústria Abufari Produtos Amazônicos prevê um processo de inovação tecnológica, com adesão ao protocolo Indústria 4.0, que já está sendo praticado no agrobusiness.
“Em futuro próximo, vamos trabalhar com tecnologia nos processos de mapeamento de castanhais por GPS, controle de coleta, processos fabris e logísticos, até fazer chegar o produto ao cliente final. A integração de todo esse sistema com metodologias inovadoras e modernas vai beneficiar toda nossa empresa e também nosso município”, afirma Leonardo Baldissera.
Produção e Usinas no Amazonas
De acordo com o coordenador da Sepror, Willis Vieira Meriguete, o Amazonas tem hoje uma produção de castanha do Brasil estimada em 14 mil toneladas por ano, e Tapauá ocupa lugar de destaque neste ranking. O processamento é feito em cinco usinas de castanha de base comunitária, vinculadas a associações ou cooperativas, instaladas em Manicoré, Lábrea, Beruri, Barcelos e Amaturá. Além destes, outros cinco municípios – Manaus, Tefé, Coari, Humaitá e Itacoatiara – contam com estrutura de processamento de castanha por meio do investimento privado.