OMS suspende o uso da cloroquina e hidroxicloroquina em testes contra a Covid-19
A decisão se refere aos ensaios Solidariedades, iniciativa internacional com 100 países coordenada pela OMS para buscar tratamento contra a doença.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (25/5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a interrupção do uso da cloroquina e hidroxicloroquina em testes para tratamento contra a Covid-19. O motivo é um estudo publicado pela revista científica Lancet, que falamos aqui na última semana, que envolveu mais de 96 mil pessoas e mostrou que não só não há benefícios no uso desses medicamentos contra o vírus SARS-CoV-2, como há um risco aumentado de morte para os pacientes.
A cloroquina era uma das substâncias consideradas promissoras para o tratamento da doença pelo novo coronavírus, por isso entrou no projeto Solidarity da OMS, em março deste ano, um estudo colaborativo mundial para avaliar a ação das principais drogas no tratamento da Covid-19.
Segundo o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a interrupção vai acontecer enquanto o Conselho de Monitoramento de Segurança de Dados, do Grupo Executivo do estudo Solidarity, analisa os dados disponíveis sobre benefícios e malefícios da cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19. Apesar disso, Tedros reforçou que o uso desses medicamentos em doenças autoimunes e contra a malária é seguro e eficaz, não devendo haver suspensão para esses pacientes.
“Os autores reportaram que, entre pacientes com Covid-19 usando a droga, sozinha ou com um macrolídeo (classe de antibióticos da qual a azitromicina faz parte), estimaram uma maior taxa de mortalidade”, afirmou Tedros..
Enquanto isso, os testes com os outros medicamentos do estudo mundial continuarão. São eles: o remdesivir, que é o medicamento usado contra o ebola; a combinação de lopinavir e ritonavir, usado no coquetel contra o HIV; e o interferon-beta, uma molécula que, em testes anteriores, demonstrou efeito em macacos da espécie saguis infectados pela síndrome respiratória do Oriente Médio (Middle East respiratory syndrome – MERS).
A OMS afirmou que o quadro executivo do Solidariedade, composto por 10 países, vai analisar dados disponíveis globalmente sobre as drogas, que são usadas para tratar malária e doenças autoimunes.
“Eu quero reiterar que essas drogas são aceitas como geralmente seguras para uso em pacientes com doenças autoimunes ou malária”, destacou Tedros.
Ele afirmou, ainda, que os outros testes dos ensaios Solidariedade vão continuar. A suspensão refere-se apenas às pesquisas com a cloroquina e a hidroxicloroquina.
A iniciativa internacional, lançada no dia 18 de março, já tinha 100 países participantes no dia 21 de abril, segundo a OMS. Nesta segunda-feira, a entidade anunciou que 35 países estão recrutando pacientes em mais de 400 hospitais ao redor do mundo para fazer parte dos estudos, Outras 3,5 mil pessoas de 17 países já estão participando das pesquisas.
No Brasil, os ensaios são coordenados pela Fiocruz.