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FAS alerta sobre urgência de ações de adaptação climática com possível nova seca extrema na região amazônica

“É essencial a mobilização das organizações da sociedade civil, das empresas, das instituições de pesquisa e dos governos nas diferentes esferas para lidar com o desafio que vem pela frente”, afirma dirigente.

O superintendente-geral da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Virgílio fez um alerta nesta terça-feira (28/5), sobre a possibilidade da região Amazônica voltar a enfrentar este ano, uma estiagem igual ou ainda mais severa que a registrada em 2023.

“Nós temos vários indicadores nesse ano de 2024 sobre a séria ameaça de uma seca de grandes proporções, como tivemos no ano passado aqui na Amazônia. As projeções científicas apontam para um aquecimento global mais acelerado do que anteriormente previsto. Quanto mais longa e intensa é a estação seca, mais frequentes e grandes ficam as queimadas. Isso contribui para o aquecimento global e regional, criando um efeito dominó que tende a tornar esse problema cada vez mais grave”, afirmou.

Virgílio Viana destaca que o enfrentamento às mudanças climáticas representa o principal desafio de hoje para o futuro da humanidade. E que é essencial a mobilização das organizações da sociedade civil, das empresas, das instituições de pesquisa e dos governos nas diferentes esferas para lidar com o desafio que vem pela frente.

“É essencial pensar não apenas em ações emergenciais, mas em ações preventivas de adaptação climática, isso requer um pensar muito abrangente em relação a áreas que precisam ser deslocadas, residências, que são vulneráveis à inundação ou, em caso de seca, pensar em estratégias de comunicação, transporte e logística e de abastecimento de água de longo prazo. Nós temos uma série de experiências aqui no Amazonas, desenvolvidas pela FAS e por instituições financeiras, que permitem compreender quais são os caminhos, qual o custo, como fazer soluções práticas”, pondera.

Seca histórica

Em 2023, a Amazônia viveu uma seca histórica em 2023, com efeitos devastadores para o meio ambiente, especialmente para os povos que habitam e cuidam do bioma na região. Populações ribeirinhas e povos indígenas tiveram acesso limitado à água potável e alimentos. As mudanças climáticas vistas de Norte a Sul do Brasil, e ao redor do mundo, é uma das maiores ameaças que ocupam os grandes debates mundiais.

Os efeitos da estiagem severa foram sentidos pelas comunidades no entorno da capital amazonense. Na região do Baixo Rio Negro, polos vibrantes do Turismo de Base Comunitária (TBC) na região enfrentaram dificuldade de acesso a itens básicos, como alimentos e água potável. Além disso, tiveram que interromper suas atividades durante o segundo semestre, por conta da seca dos rios, meios de acesso dos turistas para os territórios.

Aliança Amazônia Clima

Virgílio Viana lembra que, naquele momento, como forma de auxiliar a população na região, que sofreu fortemente com a seca extrema, a FAS criou a Aliança Amazônia Clima, movimento que conta com o apoio de 80 organizações socioambientais e representantes de centros de pesquisa na região amazônica para o combate aos efeitos da crise climática.

Em uma das frentes da Aliança, foram mobilizadas doações de itens de primeira necessidade, como água potável, cestas básicas e medicamentos, para as comunidades mais afetadas pela seca: em 2023, a iniciativa atendeu mais de 12 mil pessoas em 17 territórios como Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

Paralelamente, a Aliança Amazônia Clima agrega pesquisadores que monitoram as flutuações do pulso de inundação de bacias hidrográficas e fatores climáticos para identificar tendências, e fornece recomendações no combate a eventos extremos e para ações de adaptação climática.

Efeitos colaterais

Da mesma forma, a grande enchente que atingiu o Rio Grande do Sul está relacionada à extrema seca que afetou a Amazônia no ano passado. A catástrofe é causada pela combinação de umidade trazida por rios voadores (um grande corredor de umidade que desce até o Sul todos os anos), uma onda de calor no Sudeste e Centro-Oeste, e ventos intensos no estado, resultando em chuvas contínuas e inundações em várias bacias hidrográficas. Não apenas o clima, mas também as ações humanas estão relacionadas a essas alterações.

A mudança do clima é impulsionada pela emissão de milhões de toneladas de gases de efeito estufa, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis, responsável por mais de 85% dessas emissões, segundo relatório publicado pela Agência Internacional de Energia (IEA), realizado pelas consultorias KPMG e Kearney e a Universidade Heriot-Watt. Além disso, o desmatamento acelerado de biomas brasileiros, como a Amazônia e o Pampa Gaúcho, também contribui significativamente para esse problema. O desmatamento da Amazônia, por si só, representa cerca de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Imagem: Lucas Bonny

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