Interior do Amazonas vive escassez crítica de médicos e aposta na formação local para reverter cenário
Estudo nacional revela que há apenas 0,20 médicos por mil habitantes nas cidades do interior do estado, uma das piores taxas do país
O interior do Amazonas enfrenta um desafio grave e persistente: a escassez de médicos. De acordo com o estudo “Demografia Médica no Brasil 2025”, divulgado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Ministério da Saúde, o estado tem uma média geral de 1,58 médicos por mil habitantes. No entanto, quando se trata do interior, esse número despenca para apenas 0,20 – um dos índices mais baixos do país e o segundo pior da região Norte, atrás apenas de Roraima (0,13).
A média nacional é de 2,52 médicos por mil habitantes, o que expõe ainda mais a desigualdade na distribuição dos profissionais da saúde. No Norte, todos os estados apresentam números abaixo da média, mas o Amazonas chama atenção pela disparidade entre a capital e os municípios do interior. O estudo aponta o que já se vê nas filas de postos de saúde: a ausência de médicos se traduz em dificuldade de acesso, demora nos atendimentos e sobrecarga do sistema público.
Diante desse cenário, instituições de ensino como a Afya — maior hub de educação e soluções para a medicina no Brasil — têm apostado na formação de médicos diretamente nas cidades do interior. Presente desde 2019 nos municípios amazonenses de Manacapuru e Itacoatiara, a Afya atua com o propósito de fixar os futuros profissionais nas próprias regiões onde estudam.
“A pesquisa mostra uma realidade que precisa ser enfrentada com urgência. A interiorização dos cursos de Medicina é uma estratégia concreta para mudar esse quadro”, afirma Karen Ribeiro, diretora da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Manacapuru. Segundo ela, formar médicos no interior amplia a chance de que eles permaneçam ali, atendendo à população local. “Claro que há outros fatores que influenciam, como infraestrutura e plano de carreira, mas a formação local é o primeiro passo”, reforça.
Soraya Tatikawa, diretora da unidade de Itacoatiara, destaca que a presença da instituição nos dois municípios foi viabilizada por meio do programa Mais Médicos, iniciativa federal que também proporciona contrapartidas às cidades contempladas, como melhorias em unidades de saúde, aquisição de equipamentos e projetos sociais desenvolvidos por alunos. “É um movimento estruturante. A formação médica é acompanhada de um fortalecimento do sistema local, com impactos diretos nas comunidades”, pontua.
As duas unidades da Afya contam com infraestrutura de ponta, com centros de simulação, laboratórios multidisciplinares, salas para metodologias ativas, consultórios, espaços cirúrgicos e ambiente propício ao aprendizado prático e humanizado.
Para o segundo semestre deste ano, a Afya está com inscrições abertas para o vestibular. São 53 vagas em Manacapuru e 50 em Itacoatiara. Os interessados podem se inscrever pelos sites afya.com.br/unidades/manacapuru e afya.com.br/unidades/itacoatiara. Quem não puder comparecer nas datas oficiais pode reagendar o exame por meio dos contatos (92) 99902-4486 (Itacoatiara) e (92) 99424-6669 (Manacapuru).
Num estado com dimensões continentais e desafios logísticos imensos, iniciativas como a da Afya representam um caminho concreto para reverter a exclusão médica vivida por milhares de amazonenses no interior. É preciso seguir formando, fixando e cuidando — onde há gente, deve haver saúde.
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