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Adolpho Lisboa completa 142 anos como templo da memória manauara e recebe pacote de revitalização

Prefeito em exercício Renato Junior anuncia mutirão no Centro Histórico para valorizar o “mercadão” e resgatar o protagonismo do coração da cidade

Por Dora Tupinambá (8)

Tem lugar que não é só concreto e ferro fundido — é sangue, suor e história de quem carrega Manaus no peito. O Mercado Municipal Adolpho Lisboa, o eterno Mercadão, completou 142 anos nesta terça-feira (16/7), sendo muito mais do que um símbolo arquitetônico: é a alma viva da cidade. E foi lá, nas entranhas do Centro Histórico, que o prefeito em exercício Renato Junior anunciou um pacote de ações que promete requalificar não apenas o mercado, mas todo o entorno, valorizando a essência manauara.

Filho da borracha, erguido em 1883, com estrutura vinda da França — parte dela desenhada pelo mesmo Gustave Eiffel da torre mais famosa do mundo — o Adolpho Lisboa atravessou gerações. Foi testemunha de lutas, encontros e reencontros, como as vividas por dona Almira, amazônida de fibra, que batalhou na antiga Rua dos Andradas para criar, com dignidade, seus filhos Dora Tupinambá e Aldo de Araújo Jorge. Ali, na beira do mercado, no burburinho das bancas, onde também brilhava o tio-pai Waldomiro de Araújo Furtado, comerciante da velha guarda, foi forjado caráter, foi aprendido o que é ser gente de respeito.

“Manaus é forjada na luta do seu povo. O Mercadão é o testemunho vivo dessa história. Eu, que vendi na feira quando menino, hoje volto como prefeito em exercício para reafirmar o nosso compromisso: preservar nossa memória, revitalizar nosso centro e garantir dignidade para quem vive e trabalha aqui”, disse Renato Junior.

Mutirão no Centro para devolver orgulho ao povo

O pacote anunciado inclui o Mutirão no Centro, com início já em agosto, trazendo ações de limpeza, sinalização, iluminação, segurança, reparos estruturais, além da revitalização do próprio Mercado Adolpho Lisboa. “O Centro de Manaus é o coração da nossa cidade, e vamos devolver a ele o brilho que nunca deveria ter sido apagado”, reforçou Wanderson Costa, titular da Semacc.

Tudo pensado para receber o maior SouManaus da história e atrair mais turistas e moradores para um centro vivo, pulsante, seguro.

Memória viva da Amazônia

“Quem nunca foi ao mercadão não conhece Manaus de verdade”, costuma dizer quem já sentiu o cheiro do tacacá fumegante, quem já disputou o melhor pirarucu seco ou caçou aquela pimenta murupi fresquinha nas bancas coloridas. O Mercadão é essa síntese: encontro de saberes, de cheiros, de vozes.

Geraldo Ferreira, que passou 50 dos seus 64 anos dedicados ao mercado, traduziu bem a emoção do dia: “Aqui não é só prédio bonito. Aqui é a vida do nosso povo. E agora vamos ver essa vida florescer de novo”.

Assim, o velho Adolpho Lisboa segue, firme e imponente, tal como dona Almira e mamãe Lália e Tio Waldomiro ensinaram: erguido na resistência de um povo que nunca foge da luta. E que não abre mão da sua memória, da sua história e, claro, do seu mercado.

(*) jornalista e colaboradora do Valor Amazônico

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