Seminário do TCE-AM debate mercado de carbono e soluções sustentáveis para a Amazônia
Encontro reuniu especialistas para discutir oportunidades, desafios e estratégias que conciliem preservação ambiental e desenvolvimento econômico na região
O Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) promoveu, nesta terça-feira (12/8), o seminário “Mercado de Carbono e Externalidades”, reunindo autoridades, especialistas e representantes de diversos setores para analisar como a Amazônia pode transformar seu potencial ambiental em oportunidades econômicas sustentáveis.
Durante o evento, foram discutidos os mecanismos de comercialização de créditos de carbono, processos de certificação, experiências de cooperativas e aspectos jurídicos que envolvem contratos em áreas públicas. A conselheira-presidente do TCE-AM, Yara Amazônia Lins, ressaltou que compreender a dinâmica desse mercado é essencial para valorizar a floresta amazônica e construir iniciativas que unam preservação e desenvolvimento.
“Trazer especialistas e trocar experiências nos ajuda a entender o mercado de carbono com mais profundidade. Só assim podemos identificar oportunidades seguras, que beneficiem a economia do estado e, ao mesmo tempo, preservem a floresta para as próximas gerações”, afirmou o coordenador-geral da Escola de Contas Públicas, conselheiro Júlio Pinheiro.
Mercado regulado e voluntário
Mediado pelo procurador-geral do Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM), Rui Marcelo, o debate apresentou o funcionamento do mercado regulado — com metas estabelecidas por governos — e do mercado voluntário, no qual empresas ou indivíduos compram créditos para compensar emissões. Em ambos os sistemas, cada crédito equivale à redução ou remoção de uma tonelada de CO₂ equivalente.
O professor Carlos Sanquetta, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), destacou o potencial da Amazônia para projetos de carbono e a necessidade de metodologias que assegurem integridade e sustentabilidade. Já Francisco Higuchi, da Tero Carbon, apresentou dados sobre o efeito estufa, reforçando que o crédito de carbono é uma ferramenta de equilíbrio entre qualidade de vida e preservação ambiental.
Benefícios e inclusão social
Os projetos podem abranger desde energias renováveis, como eólica e biomassa, até setores industrial, de transporte e florestal, sempre obedecendo ao padrão MRV (mensurável, reportável e verificável), condição para certificação e emissão de créditos. Entre os benefícios estão a redução de custos, flexibilidade na gestão ambiental e ganhos sociais e econômicos adicionais.
Venceslau Braz, presidente da Cooperativa de Crédito de Carbono da Amazônia, defendeu maior apoio estatal e capacitação técnica para atender à demanda crescente do mercado. O procurador da República Fernando Meloto Soave encerrou o seminário ressaltando que todo projeto na região precisa considerar as necessidades das populações amazônicas.
“É preciso estabelecer parâmetros reais para um projeto na Amazônia, levando em conta essa ponta que estão os povos, pois são eles que sofrem com a seca, com a cheia. Então, essa elaboração tem que ser qualificada e rentável para todos.”
Com o avanço do debate, o TCE-AM reforça seu papel como articulador de soluções sustentáveis, buscando alinhar o potencial econômico do mercado de carbono com a preservação dos ecossistemas e o bem-estar das comunidades que vivem na floresta.