Dança indígena do Amazonas ganha espaço em festivais na Áustria e na Itália
Projeto de Elisângela Oliveira, do povo Apurinã, leva ancestralidade feminina do Parque das Tribos para a cena cultural europeia
A arte ancestral das mulheres indígenas do Amazonas atravessará fronteiras em setembro e outubro de 2025. A multiartista Elisângela Oliveira, do povo Apurinã e coordenadora do grupo de dança Kaxiri na Kuia, será responsável por oficinas e apresentações de Dança Indígena em dois países europeus: Áustria e Itália.
A iniciativa integra o projeto “Workshop de Dança Indígena”, contemplado pelo edital de Dança da Política Nacional Aldir Blanc, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC) em parceria com o Ministério da Cultura (MinC).
O ciclo de oficinas terá início em setembro, no Festival da Cultura Brasileira / Brasilianisches Kultufestival (Brazil meets Gmünd), organizado por Verônica Shell, na cidade de Gmünd Kärnten, na Áustria. Em outubro, Elisângela segue para a Itália, onde participará de evento promovido pelo Tucum Itália, em Veneza, com apoio do Consulado do Brasil. A turnê será encerrada em grande estilo, no dia 11 de outubro, com uma apresentação na abertura do evento “La Moda dell’Amazzonia”, no Fortepark, organizado pela Associazione UBAI.
Para Elisângela, a trajetória do grupo, fundado em 2015 no bairro Parque das Tribos, é prova de resistência cultural:
“Seguimos firmes com o legado ancestral através da nossa arte. Somos o único grupo atuante da região que realiza danças e rituais indígenas protagonizados integralmente por mulheres”, afirma.

Identidade e ancestralidade femininas
O Kaxiri na Kuia reúne mulheres indígenas dos povos Apurinã, Baré, Kokama e Kulina, que atuam junto a crianças da nova geração. São 10 mulheres adultas e quatro crianças — dois curumins e duas cunhatãs — que fortalecem a memória coletiva e projetam o futuro.
Em preparação para a turnê internacional, o grupo realizou, em julho, ensaios fotográficos e gravações em pontos simbólicos de Manaus, como a Praça de São Sebastião, o Teatro Amazonas e a própria comunidade Parque das Tribos. O material será exibido na Europa e também servirá para divulgação local.
Festival inédito em Manaus
A jornada internacional abre caminho para uma celebração inédita no Brasil. Em novembro de 2025, a comunidade Parque das Tribos sediará o primeiro Festival de Dança Indígena Kaxiri na Kuia. O encontro promete reunir coletivos de dança indígena de diferentes etnias, reforçando Manaus como palco da diversidade cultural amazônica.
As inscrições estarão abertas entre 10 e 30 de setembro, pelo Instagram do grupo @kaxirinakuia ou pelo e-mail kaxirinakuia@gmail.com.
Cultura viva que atravessa fronteiras
A presença de Elisângela Oliveira na Europa reafirma a dança como ferramenta de resistência, espiritualidade e diplomacia cultural. Ao ecoar cantos, passos e rituais da floresta em palcos internacionais, o grupo mostra que a cultura indígena é contemporânea, dinâmica e essencial para os diálogos globais sobre identidade e meio ambiente.
Para a coordenadora, “nosso corpo é território. Ao dançarmos, reafirmamos quem somos e mostramos ao mundo a força da ancestralidade indígena.”
Fotos: Divulgação