Acre e Amapá apontam caminhos para uma Amazônia sustentável
Políticas de economia verde e integração regional impulsionam desenvolvimento com foco em inclusão social e preservação ambiental
O futuro da Amazônia passa por iniciativas que conciliam crescimento econômico, proteção ambiental e valorização das comunidades tradicionais. Dois estados da região vêm se destacando nessa agenda: o Acre, com o pioneiro Sistema de Incentivo aos Serviços Ambientais (Sisa), e o Amapá, integrado às ações da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que fortalece a articulação econômica da Amazônia Ocidental.
Acre: pioneirismo em serviços ambientais
O Acre consolidou-se como referência em políticas públicas voltadas para a economia verde. Criado em 2010, o Sisa é o primeiro sistema jurisdicional do mundo voltado ao pagamento por serviços ambientais. Financiado pelo Banco Alemão KfW e apoiado por cooperações internacionais, o programa destina mais de 7 milhões de hectares à proteção — sendo 5,3 milhões em Unidades de Conservação e 2,3 milhões em Terras Indígenas.

Na prática, isso significa que comunidades que preservam a floresta são recompensadas por seu papel na manutenção do equilíbrio climático global. Ao mesmo tempo, o modelo fomenta atividades econômicas de baixo carbono, como manejo sustentável, produção de borracha nativa, castanha, açaí e óleos vegetais.
Segundo o Instituto de Mudanças Climáticas do Acre (IMC), milhares de famílias já foram beneficiadas pelo programa, que também contribuiu para reduzir o desmatamento no estado em mais de 60% nas últimas duas décadas.
Amapá: integração pela Zona Franca
Enquanto o Acre consolida a economia verde, o Amapá fortalece sua inserção na Amazônia Ocidental com o apoio da Suframa, que neste ano completa 58 anos de atuação. Tradicionalmente voltada à Zona Franca de Manaus, a autarquia ampliou sua missão para integrar estados vizinhos — Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e o próprio Amapá — em um eixo de desenvolvimento regional sustentável.

No caso amapaense, isso significa acesso a incentivos fiscais, atração de investimentos industriais e maior competitividade para cadeias produtivas ligadas a minérios, pesca e biotecnologia. Ao mesmo tempo, a integração com a Suframa busca garantir que esses avanços econômicos estejam alinhados com os compromissos de sustentabilidade exigidos por organismos internacionais e pela sociedade brasileira.
Oportunidades e desafios
O avanço da economia verde no Acre e a integração produtiva no Amapá representam estratégias complementares para o futuro amazônico: um modelo que valoriza a floresta em pé e outro que garante estrutura logística e fiscal para tornar o desenvolvimento viável.
No entanto, especialistas alertam para desafios. Ainda falta consolidar mecanismos que assegurem a inclusão justa das comunidades tradicionais, sem concentrar benefícios em poucos setores; acesso sustentável a mercados internacionais, em especial para produtos florestais; e a modernização das cadeias produtivas, para agregar valor sem comprometer a floresta.
O caminho está aberto, mas depende de políticas públicas consistentes, cooperação internacional e fiscalização efetiva para evitar retrocessos.
Um modelo amazônico possível
Ao unir iniciativas como o Sisa, no Acre, e a atuação integradora da Suframa, no Amapá e nos demais estados, a Amazônia ensaia um modelo de desenvolvimento que pode servir de exemplo global: crescimento econômico aliado à preservação ambiental e justiça social.
Mais do que políticas isoladas, trata-se de uma visão estratégica de futuro, em que a floresta deixa de ser vista como obstáculo ao progresso e se torna força motriz para uma economia sustentável e inclusiva.