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Senadores lideram caravana e expõem a realidade da BR-319

Omar Aziz e Eduardo Braga percorrem trecho entre Manaus e Humaitá, destacam avanços nas obras e cobram solução para entraves ambientais e logísticos

A BR-319, única ligação rodoviária direta entre Manaus e o restante do país, voltou a receber asfalto depois de anos de paralisações e virou palco de uma vistoria inédita e ruidosa. No sábado (13/9), os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Eduardo Braga (MDB-AM) lideraram uma caravana que partiu de Manaus rumo a Humaitá para expor as condições da estrada e reforçar a urgência de sua revitalização.

A comitiva reuniu também os deputados federais Saullo Vianna (União-AM) e Silas Câmara (Republicanos-AM), além de prefeitos do interior, deputados estaduais, vereadores de Manaus, representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (Crea-AM).

Em ritmo de expedição, o grupo percorreu pontos de atoleiro, balsas e pontes em situação precária, e visitou as frentes de obras no Lote C, entre os quilômetros 198 e 250. Ao longo do trajeto, ouviram moradores, caminhoneiros e trabalhadores que dependem da estrada para escoar produção e acessar serviços básicos de saúde, educação e abastecimento.

Obras, prazos e gargalos

O primeiro ponto vistoriado foi a ponte sobre o Rio Curuçá, onde uma balsa improvisada garante a travessia de veículos desde que a estrutura original desabou, há três anos. A entrega está prevista para outubro deste ano. Também passaram pela ponte do rio Autaz Mirim, que integra o atual cronograma do DNIT e deve ser entregue até dezembro.

Os senadores relataram melhora na trafegabilidade em vários trechos e avanço no ritmo de execução das frentes de pavimentação, mas reforçaram que ainda há segmentos críticos que exigem manutenção constante, drenagem e contenção de erosões, sobretudo para garantir o tráfego durante o período chuvoso.

Segundo Braga, os investimentos em curso sinalizam que o governo federal pretende viabilizar o licenciamento do “trecho do meio”, considerado o ponto mais complexo do projeto. “O governo federal, ao fazer os investimentos que está fazendo aqui, dá uma demonstração inequívoca de que estamos no caminho certo. É óbvio que ainda tem muita luta, mas estou mais otimista do que nunca”, afirmou o senador.

Papel logístico estratégico

Sob a ótica da logística, a BR-319 é considerada peça-chave para reduzir o isolamento rodoviário do Amazonas, encurtando distâncias, prazos e custos no transporte de cargas entre Manaus e o Centro-Sul do país.

A comitiva fez paradas em áreas de maior fluxo, balsas e travessias, onde ouviu relatos de caminhoneiros e produtores sobre gargalos de escoamento, altos custos de frete e as dificuldades impostas pela precariedade de alguns trechos.

Para o deputado Saullo Vianna, a reconstrução da rodovia é essencial para romper o isolamento de milhares de amazonenses e integrar a região ao restante do país, mas o processo precisa ocorrer com responsabilidade ambiental.

“Essa estrada é sinônimo de dignidade, de integração e de oportunidade para milhares de famílias do Amazonas. O que queremos é avançar com responsabilidade, garantindo desenvolvimento sem abrir mão da preservação ambiental”, disse.

Licenciamento e embate jurídico

Apesar do avanço físico, o licenciamento ambiental segue como principal entrave do projeto. Em 2022, o Ibama concedeu Licença Prévia para um trecho considerado crítico da BR-319. Em agosto deste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitou um pedido que buscava anular essa licença, mantendo o processo em vigor.

Mesmo com o respaldo jurídico, o DNIT e órgãos de controle seguem cobrados por estudos robustos para mitigar riscos de desmatamento indireto e impactos socioambientais, condição vista como indispensável para a pavimentação do chamado “trecho do meio”.

Braga, que apresentou emenda para incluir a BR-319 no regime de Licenciamento Ambiental Especial, também trabalha pela derrubada do veto presidencial à Lei Geral do Licenciamento Ambiental, que impediu a dispensa de novas licenças para a manutenção de rodovias já existentes — como forma de acelerar os trabalhos nos trechos considerados estratégicos.

Integração e vigilância socioambiental

Os senadores defendem que a agenda de recuperação da BR-319 só será sustentável com fiscalização permanente, monitoramento do desmatamento na área de influência da rodovia e diálogo contínuo com comunidades ribeirinhas e povos tradicionais.

Eles defenderam que os contratos e relatórios de execução das obras incluam metas ambientais mensuráveis, garantindo que a integração viária venha acompanhada da preservação da floresta e do fortalecimento do desenvolvimento regional.

“O objetivo dessa viagem é mostrar o andamento das obras e o que falta para concluir. Que o Brasil conheça os problemas que nós temos aqui e a realidade amazônica”, resumiu Omar Aziz, durante transmissão ao vivo feita na estrada.

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