DESTAQUEREGIÃO AMAZÔNICA

Tiroteio em Humaitá expõe tensão entre combate ao garimpo e segurança da população

Operação da Polícia Federal no Rio Madeira destrói dragas ilegais e provoca reação armada de garimpeiros; confronto espalha pânico entre moradores

Humaitá (AM) — Uma operação da Polícia Federal (PF), com apoio da Força Nacional, deflagrada na manhã desta segunda-feira (15/9), resultou em confronto armado entre agentes e garimpeiros ilegais no leito do Rio Madeira, entre os municípios de Humaitá e Manicoré. Durante a ação, ao menos 71 dragas usadas para mineração ilegal foram destruídas com explosivos. A reação de garimpeiros gerou pânico nas ruas de Humaitá, onde houve disparos e correria de moradores.

Segundo a corporação, a operação cumpre decisão da Justiça Federal e faz parte de uma força-tarefa para desarticular estruturas de garimpo ilegal, que causam poluição por mercúrio e devastação de ecossistemas aquáticos. O Ministério Público Federal e o Ministério do Trabalho acompanharam a ação.

Violência e medo nas ruas

Após a destruição das dragas, garimpeiros armados tentaram reagir, e vídeos feitos por moradores mostram tiros, bombas de gás e balas de borracha disparadas para dispersar os grupos. Escolas e comércios suspenderam atividades, e famílias buscaram abrigo em igrejas e prédios públicos. Não há informações oficiais sobre feridos ou mortos até o momento.

Dilema ambiental e social

Embora necessárias para frear a degradação ambiental, operações desse tipo evidenciam o dilema entre proteger a floresta e garantir segurança à população civil que vive nas cidades ribeirinhas próximas. A falta de alternativas econômicas para quem depende do garimpo agrava a tensão e torna confrontos cada vez mais prováveis.

“A presença do Estado precisa vir com segurança e com políticas sociais, não só com destruição”, afirma o antropólogo Lucas Oliveira, que estuda conflitos ambientais no sul do Amazonas.

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