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Lideranças indígenas da Amazônia cobram reconhecimento dos territórios na COP30

Mais de 1,6 mil lideranças de nove países participam da conferência em Belém e alertam: sem floresta em pé, não há futuro para o planeta

Belém (PA) – A floresta chegou com força à COP30. Mais de 1,6 mil lideranças indígenas de nove países da Bacia Amazônica estão reunidas em Belém para cobrar reconhecimento dos territórios indígenas como política climática e reivindicar espaço real nas decisões sobre o futuro do planeta.

Eles defendem que as comunidades que mantêm a floresta viva devem ter acesso direto aos recursos internacionais, autonomia para gerir seus territórios e proteção aos defensores da Amazônia, que continuam sob ameaça.

“Sem território, não há vida, clima e nem futuro. São as nossas terras preservadas que garantem a biodiversidade e o equilíbrio do planeta”, afirma Toya Manchineri, coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

A floresta fala por si

Os povos da Amazônia lembram que as terras indígenas são as áreas mais preservadas do bioma, atuando como grandes sumidouros de carbono e barreiras contra o desmatamento. Mesmo assim, enfrentam pressões de garimpo, agronegócio e grilagem, além de sofrer diretamente os efeitos das mudanças climáticas — das secas extremas às cheias que isolam comunidades inteiras.

“Somos os primeiros a sentir os impactos da crise climática, mas ainda somos os últimos a sermos ouvidos”, resume uma liderança da Coiab.

Uma agenda própria para o clima

Em uma iniciativa inédita, 28 organizações indígenas da Bacia Amazônica apresentaram suas próprias NDCs Indígenas — um conjunto de metas e compromissos para reduzir emissões de gases do efeito estufa e proteger territórios.

Entre as propostas estão:

Reconhecimento oficial dos territórios e povos isolados;

Acesso direto a recursos financeiros internacionais;

Valorização dos conhecimentos tradicionais;

Zonas livres de exploração predatória;

Proteção aos defensores ambientais ameaçados.

“A COP30 é uma chance de mudar o rumo das negociações. Mas nossa luta não termina aqui — ela segue em todos os espaços onde o futuro da Terra é decidido”, reforça Toya Manchineri.

Mobilização em Belém

Durante a conferência, a Coiab realiza atividades nas Zonas Azul e Verde da COP, na Cúpula dos Povos (Aldeia COP) e em eventos paralelos. Um dos momentos mais esperados será a Marcha dos Povos Indígenas, no dia 17 de novembro, que deve reunir milhares de participantes pelas ruas de Belém, em defesa da floresta e dos direitos originários.

O recado é direto: sem povos indígenas, não há Amazônia; sem Amazônia, não há clima estável para ninguém.

Foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil

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