ZFM fecha 2025 com faturamento recorde, mas sob forte pressão fiscal e incertezas para 2026
Polo Industrial de Manaus deve superar R$ 217 bilhões em faturamento, mantém mais de 131 mil empregos e confirma relevância econômica, enquanto enfrenta disputa tributária e necessidade de reposicionamento estratégico
O Polo Industrial de Manaus (PIM) encerra 2025 com números que reafirmam sua centralidade econômica para o Amazonas e para a região Norte. Dados mais recentes da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) indicam que o faturamento do polo ultrapassou R$ 167,9 bilhões até setembro, crescimento superior a 10% em relação ao mesmo período de 2024. A projeção do setor é fechar o ano com aproximadamente R$ 217 bilhões, o maior faturamento da história da Zona Franca.
O desempenho positivo, no entanto, convive com um ambiente de forte pressão fiscal e incerteza regulatória. A Zona Franca segue produzindo, empregando e atraindo investimentos, mas entra em 2026 diante de um debate decisivo sobre seu futuro no contexto da reforma tributária e da reorganização da política industrial brasileira.
Produção em alta confirma resiliência do modelo
Ao longo de 2025, o PIM manteve ritmo consistente de produção, puxado principalmente pelos segmentos de bens de informática, duas rodas e eletroeletrônicos, que juntos responderam por mais da metade do faturamento industrial do polo. Apenas o setor de bens de informática concentrou cerca de 21% da receita, seguido pelo de duas rodas, com aproximadamente 20%, e eletroeletrônicos, com participação próxima de 17%.
O resultado confirma a resiliência do modelo mesmo em um cenário macroeconômico mais restritivo e com custos logísticos elevados. Ainda assim, empresários avaliam que o desempenho reflete mais a força estrutural do polo do que um ambiente favorável de negócios.
Emprego permanece elevado e sustenta economia local
O impacto social da Zona Franca segue sendo um de seus principais ativos políticos. Em 2025, o PIM manteve média mensal superior a 131 mil empregos diretos, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados. Em alguns meses, o contingente chegou a ultrapassar 132 mil postos, crescimento entre 7% e 8% em relação à média de 2024.
Em um estado com baixa diversificação industrial, a manutenção desses empregos funciona como linha de defesa central do modelo. Qualquer instabilidade na Zona Franca tem reflexos imediatos sobre renda, consumo e arrecadação estadual e municipal.
Investimentos aprovados sinalizam confiança, mas com cautela
Mesmo diante das incertezas, a Suframa aprovou ao longo de 2025 mais de R$ 1,2 bilhão em novos projetos industriais, com previsão de geração de cerca de 2,7 mil novos empregos diretos nos próximos anos. Os investimentos se concentram em ampliação de plantas existentes, modernização de linhas produtivas e diversificação moderada do parque industrial.
O movimento indica que as empresas ainda apostam no modelo, mas com decisões mais cautelosas e escalonadas. A expectativa de muitos grupos é aguardar definições mais claras sobre a regulamentação da reforma tributária antes de ampliar compromissos de longo prazo.
Reforma tributária mantém setor em alerta
O principal fator de tensão segue sendo o ambiente fiscal. Embora a Constituição assegure o tratamento diferenciado à Zona Franca, o setor produtivo avalia que o novo sistema tributário exige regulamentação precisa para evitar perdas graduais de competitividade.
O receio não é um ataque frontal ao modelo, mas um processo silencioso de esvaziamento, provocado por interpretações restritivas, mudanças na cumulatividade de créditos e redução indireta das vantagens comparativas frente a outros polos industriais do país.
Nesse contexto, o papel da bancada federal do Amazonas e da articulação política em Brasília permanece central para a sobrevivência e modernização da Zona Franca.
2026 será decisivo para o futuro do PIM
O encerramento de 2025 deixa um diagnóstico claro: a Zona Franca de Manaus não está em crise, mas enfrenta um ponto de inflexão estratégico. O modelo segue forte em números, mas pressionado por um ambiente institucional mais competitivo e por mudanças estruturais na indústria global.
O desafio para 2026 será transformar faturamento recorde e emprego elevado em base para um novo ciclo industrial, com maior valor agregado, inovação tecnológica e integração à economia digital e à transição energética. Sem esse salto, a Zona Franca corre o risco de permanecer relevante apenas pela inércia, e não por protagonismo.


