Natal das Águas leva presença do poder público e transforma rotina de comunidades no rio Negro
Balsa iluminada, distribuição de alimentos e ações solidárias marcaram o encerramento do projeto na comunidade polo Jaraqui, alcançando famílias ribeirinhas e indígenas da zona rural de Manaus
A chegada da balsa iluminada rompeu o silêncio do rio Negro e transformou, ainda que por algumas horas, a rotina das comunidades ribeirinhas da zona rural de Manaus. O encerramento do projeto Natal das Águas, realizado nesta quinta-feira (18/12) na comunidade polo Jaraqui, simbolizou mais do que uma celebração natalina: representou a presença concreta do poder público em territórios historicamente afastados da dinâmica urbana de Manaus.
Coordenada pelo Fundo Manaus Solidária (FMS), a iniciativa percorreu comunidades ribeirinhas e indígenas ao longo do mês de dezembro, levando alimentos, brindes e uma experiência simbólica rara para famílias que convivem diariamente com o isolamento geográfico. Além do Jaraqui, a ação também alcançou moradores das comunidades Jaraquizinho, Araras, Baixote e Caioé.

Quando o Natal chega pelo rio
A balsa totalmente iluminada, decorada com símbolos natalinos e personagens temáticos, tornou-se o centro da celebração. Crianças, jovens e idosos se reuniram às margens do rio para acompanhar a chegada da estrutura flutuante, que levou música, interação e distribuição de cestas básicas, panetones, latas de leite e brinquedos.

Para muitas famílias, foi a primeira vez que vivenciaram um Natal com essa dimensão simbólica em sua própria comunidade — uma experiência que normalmente só aparece na televisão ou exige deslocamento até a área urbana.
O evento de encerramento contou com a presença do prefeito David Almeida, que acompanhou de perto a entrega dos donativos e o contato direto com moradores. Em sua fala, o prefeito destacou que o Natal das Águas foi pensado para levar fraternidade, alegria e dignidade às comunidades ribeirinhas e indígenas da zona rural.

Segundo ele, a balsa iluminada e o presépio possuem um significado especial para crianças que nunca haviam tido contato com símbolos tradicionais do Natal. Para o gestor, levar essa experiência às comunidades é uma forma de inclusão e respeito à diversidade cultural e territorial de Manaus.
Vozes da comunidade e sentimento de gratidão
Entre os moradores, o sentimento predominante foi de gratidão e emoção. Daniel Araújo, presidente da comunidade Bela Vista do Jaraqui, ressaltou que muitas famílias não têm condições de se deslocar até a cidade para participar de eventos desse tipo.

Para ele, a ação proporcionou um momento raro de alegria coletiva, especialmente para as crianças, que puderam vivenciar um Natal diferente, dentro da própria comunidade.
A moradora Kelly da Silva, de 24 anos, que veio de outra localidade para prestigiar o evento, afirmou que a ação reforça a sensação de cuidado com as comunidades ribeirinhas. Segundo ela, ver o sorriso das crianças e receber os alimentos torna o Natal mais leve e cheio de esperança.

Entre os mais jovens, a emoção era visível. O estudante Derek de Souza comemorou a oportunidade de ter o Natal celebrado em sua vila, enquanto a estudante Luendra de Souza destacou a alegria ao receber cesta básica, brinquedo e panetone — lembranças que, para ela, tornarão a data inesquecível.
Um projeto que deixa marcas sociais
Iniciado no dia 1º de dezembro, o Natal das Águas percorreu os rios amazônicos com uma proposta clara: usar o próprio território como caminho para políticas públicas mais próximas da realidade ribeirinha. Ao encerrar sua edição no Jaraqui, o projeto deixa mais do que imagens festivas.
Deixa memória, pertencimento e a mensagem de que as comunidades ribeirinhas e indígenas também fazem parte da cidade — mesmo quando a cidade só chega até elas pelo rio.
Fotos: Divulgação/Semcom


