Diversidade de temas e ritmos marca o desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial
As campeãs do carnaval de Manaus serão conhecidas na tarde desta segunda-feira. A apuração já começou
Inclusão social, promessa a um santo, rituais antigos e modernos, potencial turístico do Amazonas, orgulho de ser manauara e economia sustentável, foram alguns dos temas trazidos pelas escolas de samba do grupo especial no carnaval deste ano, em Manaus.
Milhares de pessoas que foram ao Centro de Convenções Professor Gilberto Mestrinho (Sambódromo), no sábado (22/02), acompanhar o evento que é promovido pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Sec), com entrada gratuita.
Primos da Ilha
A escola de samba Primos da Ilha abriu os desfiles falando da fé em São Jorge, santo guerreiro que protege seus devotos com suas armas. Com o enredo “A Promessa – Da Capadócia aos tambores africanos. Salve Jorge!”, a agremiação homenageou o santo venerado na religião católica e também em religiões afro-brasileiras, sincretizado na forma de Ogum.
A história do soldado romano do exército do imperador Diocleciano, nascido na antiga Capadócia, onde é a Turquia atualmente, foi contada com a participação de 15 alas e três carros alegóricos. O primeiro carro, “A Fé e Fidelidade De Jorge”, trazia referências à arquitetura turca, assim como o brasão de São Jorge; o segundo, “O Sincretismo dos Tambores Africanos”, representou os orixás reverenciados pelo sincretismo religioso. Já o último, “O Andor – A Promessa”, falou sobre os devotos que cumprem a promessa e fazem a procissão para o santo, sendo carregado em seu andor.
A presidente da agremiação, Rejane Santos, contou que a homenagem a São Jorge veio de uma promessa realizada durante o desfile de 2019, quando a escola foi a única a desfilar debaixo de chuva e com o desespero de ver nosso trabalho destruído na avenida.
Unidos do Alvorada
A Unidos do Alvorada trouxe o tema inclusão para o sambódromo. Com o enredo “Oi, Eu estou aqui! a agremiação fez uma referência especial às pessoas com Síndrome de Down, mas também a todos que são excluídos por suas diferenças. “O enredo veio mostrando que todos nós somos filhos de Deus e que devemos respeitar todos, quem tem Síndrome de Down, autistas, deficientes. Isso é algo muito forte, porque Deus não exclui ninguém, e nossa comissão de frente mostra isso”, disse o presidente da Alvorada, Joacy Souza Castelo.
Segunda escola a entrar na avenida, Unidos do Alvorada desfilou com 20 alas, três casais Mestre-Sala e Porta-Bandeira – mais um mirim, e três carros alegóricos. A secretária de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania, Caroline Braz, foi uma das personalidades que desfilou na Alvorada. Além dela, Marcos Vinicius Castro, presidente da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), e também Patixa Teló.
Andanças de Ciganos
A produção de leite no estado do Amazonas foi exaltada pela escola Andanças de Ciganos, com o enredo “Leite – O líquido da vida no deleite do Carnaval”. Com 17 alas e quatro carros alegóricos, a agremiação contou a história do alimento em quatro etapas: a criação, com alusões à mitologia; o comércio do leite materno, a regulamentação do alimento e o leite como bebida medicinal; a industrialização do leite; e a produção de leite e queijo em Autazes.
Quarta a entrar na Avenida do Samba para defender o título de campeã do Carnaval, a Reino Unido da Liberdade destacou outro potencial econômico do Amazonas, o turismo. Com o enredo “Turismo – O Amazonas de braços abertos para o mundo”. Com 24 alas e três carros alegóricos, a Reino destacou o ecoturismo, falando sobre a floresta, os animais, fauna e flora, rituais indígenas e a terra das cachoeiras, além da gastronomia, festas religiosas e o turismo cultural.
Grande Família
Representando a zona leste de Manaus, a Grande Família defendeu o enredo “Sou manauara – Há 350 anos sentindo orgulho do meu chão”, de Murilo Rayol. Com 20 alas e três carros alegóricos, a agremiação do bairro de São José contou sobre o orgulho manauara desde os primórdios, com a tribo Manaó, até o orgulho de ser da zona leste da capital. As alas representaram a beleza do encontro das águas, a primeira universidade do Brasil no Amazonas, o x-caboquinho, o açaí e os pontos turísticos de Manaus.
Aparecida
Os rituais de diferentes culturas e eras da humanidade foi o tema principal da Mocidade Independente de Aparecida, a sexta escola a desfilar na avenida do samba. Com 3.500 componentes, contando com quatro carros alegóricos e 23 alas, a agremiação mostrou os rituais de grandes civilizações, como os maias, persas, fenícios, gregos e macedônios, e também os rituais brasileiros, de tribos indígenas e de oferendas a orixás.
O presidente Luiz Pacheco explicou que o enredo foi escolhido como uma forma de inovar na avenida. “A Aparecida não desfila por desfilar, nós viemos para disputar o título do Carnaval 2020 e, para isso, nos desdobramos como sempre, com um trabalho diuturno, muita força e determinação”, disse.
O último, dos quatro carros alegóricos da Aparecida fez referência aos 40 anos da agremiação, que serão completados no ano de 2020. Um dos lados da alegoria foi intitulada de “Aparecida 20 +20 = 40 anos – Um Ritual de Amor”. Criada em 1980, a escola do bairro de Aparecida reúne 22 títulos do Carnaval de Manaus.
Vitória Régia
A verde e rosa do bairro Praça 14 foi a penúltima a entrar na avenida, com o enredo “Wernher Botelho é coisa nossa! O abuso é Verde E Rosa”, de Islene Botelho e Rosana Vieira, homenageando o artista plástico que morreu em abril de 2019. Com 22 alas, quatro carros alegóricos e três casais de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, a Vitória Régia contou, na avenida, o amor pelo folclore amazonense e a história de vida de Wernher, que nasceu na Praça 14. O artista plástico e estilista amazonense criou peças para escolas de Manaus e São Paulo, além do Festival Folclórico de Parintins.
Coroado
A escola de samba do bairro do Coroado trouxe para a avenida o enredo ”Do barro ao petróleo verde, a Mocidade vem coroar o sonho maturo, Iranduba a cidade do futuro”, de Alan Vasconcelos, Alexandre Lima e Rarison Alves. Para contar esta história, a Coroado falou sobre a fabricação de tijolos em Iranduba, responsável por 80% da produção no Amazonas, o futuro da educação no município, o protocolo de Kyoto, até a evolução para a biotecnologia. A agremiação desfilou com cerca de 3 mil componentes, 19 alas e três carros alegóricos e três casais de Mestre-Sala e Porta-Bandeira.