DESTAQUEELEIÇÕES 2020

Amazonas lidera em número de candidaturas indígenas nas eleições municipais deste ano

Para a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), os povos devem “demarcar as urnas” e eleger representantes indígenas para o legislativo municipal

Ana Celia Ossame

De um total de 2215 candidaturas indígenas registradas pela Justiça Eleitoral para as eleições municipais deste ano, 492 são do Estado do Amazonas, o maior número em todo o país. Na última eleição municipal, o Estado tinha 355 candidaturas identificadas como indígenas.

Depois do Amazonas, vêm os estados do Mato Grosso do Sul com 216 candidatos, Roraima, 148, Bahia, 134 e Rio Grande do Sul, 130. Mas em todos 26 estados do país têm indígenas concorrendo para os cargos de prefeito, vice-prefeito ou vereador.

No total, a Região Norte conta com 922 candidaturas indígenas, de acordo com dados das organizações. Desde a eleição de Joenia Wapichana em 2018, pelo estado de Roraima, o aumento no número de candidaturas indígenas no Brasil é um processo que está se fortalecendo, com a inclusão de registros sobre a cor/raça das candidaturas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir de 2014.

Num comparativo feito pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a participação indígena na corrida eleitoral cresceu 29%, a de candidatos, em geral, subiu 10,7%.

O último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou que cerca de 817 mil pessoas à época, o equivalente a 0,4% dos brasileiros, se declaravam índios.

Dados animadores

De acordo com dados do Instituto Socioambiental (ISA), em todo Brasil, são 733 mulheres indígenas nas disputas das eleições municipais deste ano, um aumento significante desde a eleição de 2016, onde foram registradas 473.

Márcio Santilli, sócio fundador do Instituto Socioambiental (ISA), Márcio Santilli, destaca que, além da maior participação de índios nas eleições nos estados com maior grupo de etnias, outros como das regiões Nordeste e Sul estão seguindo a mesma trilha.

Já Ianukula Kaiabi Suia, presidente da Associação Terra Indígena do Xingu (Atix), organização fundada em 1995 e que representa os 16 povos indígenas do Território Indígena do Xingu (TIX), no Mato Grosso, disse, em entrevista divulgada no site do ISA, que a causa indígena não pode ser vista como uma questão partidária.

Para ele, a causa indígena tem que ser defendida pelos vereadores durante toda a gestão. “Queremos eleger mais representantes porque é como um time de futebol e quanto mais vereadores indígenas, maior a chance de fazer gol”, afirmou.

Para a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) “demarcar as urnas” é marcar a posição dos indígenas no legislativo. No Youtube, um vídeo reúne dezenas de depoimentos de indígenas defendendo o que chamam de “demarcar as urnas” elegendo representantes indígenas.

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