DESTAQUEMEIO AMBIENTE

Amazonas entre a seca e a cheia: recuperação em curso e novos desafios à vista

Após enfrentar uma estiagem severa, os rios do Amazonas começam a subir, sinalizando início do ciclo de cheia e traz perspectivas de recuperação para a população e o meio ambiente

Em novembro de 2024, o Amazonas vivencia um momento de transição, saindo de uma das secas mais severas de sua história e entrando no ciclo natural de cheia. O processo, embora traga esperança de recuperação, também ressalta os desafios enfrentados por comunidades ribeirinhas e pela economia local.

O nível do Rio Negro, em Manaus, registrou 13,98 metros em 19 de novembro, conforme dados mais recentes do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Desde o início do mês, o nível subiu quase dois metros, confirmando o início do ciclo de cheia. No Porto de Manaus, o monitoramento indicou 12,18 metros em 18 de novembro, marcando uma elevação de 1,74 metros desde o início do processo.

Esse aumento nos níveis dos rios ocorre após a marca histórica da estiagem em outubro, quando o Rio Negro atingiu 12,66 metros, o menor nível já registrado em Manaus em 122 anos de monitoramento. A seca impactou mais de 850 mil pessoas, com prejuízos estimados em R$ 620 milhões, afetando plantações, o transporte fluvial e o comércio.

A estiagem também intensificou os focos de queimadas, agravando a qualidade do ar e ameaçando a biodiversidade da região. Em resposta, o governo estadual antecipou pagamentos do Auxílio Estadual nos meses de outubro e novembro, como forma de aliviar os impactos econômicos sobre as famílias mais afetadas.

Embora o início da cheia traga alívio, especialistas preveem que os níveis do Rio Negro em Manaus poderão alcançar entre 27,21 e 28,01 metros no pico da cheia, previsto para maio ou junho de 2024. A expectativa é de uma cheia moderada, mas a atenção deve se voltar para possíveis alagamentos em áreas urbanas e ribeirinhas. Em Manaus, inundações nas zonas de igarapés são comuns, afetando a mobilidade e o comércio.

Além dos desafios urbanos, comunidades ribeirinhas enfrentam o risco de inundações que comprometem moradias, plantações e acesso a serviços básicos. Apesar das dificuldades, o ciclo de cheia também é essencial para o equilíbrio ambiental da Amazônia, fertilizando várzeas e garantindo a reprodução de diversas espécies aquáticas.

O monitoramento contínuo, realizado pelo SGB por meio do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Amazonas (SAH Amazonas), é essencial para emitir alertas precoces e mitigar os impactos da cheia. Além disso, medidas como a adaptação de infraestruturas e campanhas educativas buscam preparar as populações para os desafios do ciclo hidrológico.

A transição entre a seca histórica e a cheia moderada reforça a resiliência do Amazonas, mas também evidencia a necessidade de ações coordenadas entre governo, sociedade e comunidade científica. Com os primeiros sinais de recuperação, o desafio é transformar as adversidades impostas pela natureza em aprendizado e adaptação, garantindo que o ciclo hidrológico seja um elemento de renovação para a região e sua população.

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