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Artesanato em alta aquece economia criativa em contagem regressiva para o Festival de Parintins

Com menos de 50 dias para o espetáculo dos bois Caprichoso e Garantido, artesãos de Manaus celebram aumento das encomendas e impacto positivo dos investimentos públicos no setor cultural

A batida dos tambores e o som das toadas ainda estão a caminho da Ilha Tupinambarana, mas em Manaus a movimentação em torno do Festival de Parintins já transforma a rotina de quem vive da arte. Faltando pouco mais de um mês para o evento mais aguardado da cultura popular amazônica, marcado para os dias 27, 28 e 29 de junho, artesãos da capital comemoram o aquecimento das vendas, impulsionado pelos ensaios dos bumbás e pelo crescente envolvimento da população com a festa.

Desde março, o Sambódromo de Manaus se transforma aos sábados em palco para os “Ensaios dos Bumbás”, um aquecimento para o 58º Festival de Parintins promovido pelo governo do Amazonas. E quem agradece são os trabalhadores da economia criativa, como a artesã Rafaela Souza, de 40 anos, que viu as encomendas dispararem antes mesmo do carnaval.

“Esse ano os pedidos começaram em janeiro e não pararam mais. As clientes querem looks novos para cada ensaio. Tem colar, brinco, ombreira, tudo sob medida. Isso mostra o quanto nossa arte tem valor e como os investimentos na cultura fazem diferença no nosso dia a dia”, afirma Rafaela, que já emprega três pessoas e sonha em expandir o ateliê.

Integrante do Programa do Artesanato Amazonense (PAA), ela faz parte do expressivo grupo de mulheres que sustentam a produção artística local: 79% dos artesãos cadastrados são do sexo feminino. “É da arte que eu tiro o sustento dos meus filhos. Hoje já posso dizer que tenho uma microempresa em crescimento”, comemora.

Impacto econômico do festival

O Festival de Parintins tem se consolidado não apenas como manifestação cultural, mas como motor econômico. De 2022 a 2024, mais de 340 mil turistas visitaram a ilha durante os dias de festa, gerando uma movimentação financeira superior a R$ 438 milhões. O impacto se reflete em diferentes áreas: do artesanato à hotelaria, do transporte à gastronomia.

Uma das marcas da atual gestão é o incentivo à profissionalização dos trabalhadores envolvidos. O projeto Workshop Bem Receber, por exemplo, capacita prestadores de serviços turísticos desde 2022, preparando tricicleiros, ambulantes e outros profissionais para atender visitantes com excelência.

Também voltado aos tricicleiros, o programa de apoio reformou 200 triciclos e entregou kits com uniformes e identificação visual, somando R$ 50 mil em investimentos voltados à valorização dessa figura tradicional no deslocamento durante a festa.

Sustentabilidade e arte urbana

Desde 2019, a festa também abraça a pauta ambiental com o projeto Recicla Galera, que já garantiu a destinação correta de mais de 17 toneladas de resíduos recicláveis. A ação é resultado da parceria entre o Governo do Amazonas, por meio da Sema, e o Sistema Coca-Cola Brasil, e gera renda para catadores e cooperativas locais.

Outro destaque é o projeto Galeria Parintins Cidade Aberta, que desde 2022 transforma muros da cidade em murais artísticos assinados por nomes locais. Ao todo, mais de 20 obras já compõem o circuito urbano de arte, incluindo a impactante fachada do Bumbódromo, pintada por Pito Silva e batizada de Patrimônio em Festa.

A menos de 50 dias do espetáculo, Parintins vai se preparando para mais uma edição que promete unir tradição, arte, renda e cidadania — com Manaus como grande celeiro de talentos e sonhos costurados à mão, peça por peça.

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