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Amazonas já tem 37 municípios em situação de emergência por conta da cheia dos rios

Rios avançam sobre as cidades, afetam mais de 425 mil pessoas e mobilizam uma grande operação humanitária no estado

O Amazonas enfrenta mais uma vez a força implacável da natureza. As cheias dos rios, que há semanas avançam sobre comunidades ribeirinhas, vilas e áreas urbanas, já colocaram 37 municípios em situação de emergência. Outras 21 cidades estão em alerta, segundo levantamento atualizado da Defesa Civil do Estado. Mais de 425 mil pessoas já foram diretamente impactadas pela subida dos rios.

O drama se repete ano após ano, mas os impactos deste ciclo de cheia são considerados severos em diversas calhas, especialmente no Madeira, Juruá, Purus e Amazonas. Casas inundadas, plantações destruídas e comunidades isoladas formam o retrato da tragédia que desafia governos e exige resposta rápida.

Operação humanitária em curso

Diante do avanço das águas, o Governo do Amazonas colocou em prática a Operação Cheia 2025, mobilizando alimentos, água potável, caixas d’água, kits de higiene, além de reforço nas estruturas de saúde e transporte emergencial.

A logística para atender comunidades isoladas envolve barcos, aviões e transporte terrestre onde é possível. Além da ajuda estadual, o Governo Federal reconheceu a situação de emergência em parte dos municípios e autorizou o repasse de recursos para ações de socorro imediato.

Saúde em alerta

A cheia também traz consigo riscos sanitários. O acúmulo de água parada favorece o surgimento de doenças como leptospirose, diarreias, hepatite e infecções de pele. Para enfrentar esse cenário, o estado enviou kits de medicamentos, cilindros de oxigênio, além do reforço do barco hospital São João XXIII, que atende os municípios mais críticos.

Em Manicoré, por exemplo, uma nova usina de oxigênio foi instalada para atender a demanda emergencial da população.

Desafio que se repete e se agrava

O Rio Negro, em Manaus, chegou a marcar 28,90 metros, bem próximo da cota de inundação severa. A previsão dos órgãos de monitoramento é de que a cheia atinja seu pico nos próximos dias, com expectativa de estabilidade e, posteriormente, início da vazante.

Mas o estrago já está feito. Agricultores perdem suas safras, comerciantes veem seus estoques comprometidos e famílias inteiras precisam deixar suas casas às pressas. A cena de móveis boiando, ruas transformadas em rios e crianças brincando em meio às águas já virou rotina — uma rotina dolorosa.

O impacto humano da cheia

Por trás dos números, há histórias. A dona Maria de Fátima, moradora de Borba, conta que perdeu toda a plantação de mandioca e banana que garantia o sustento da família. “A água levou tudo. Agora, só nos resta esperar a ajuda que vem de fora. É difícil demais”, desabafa.

Caminho para a recuperação

O governador Wilson Lima afirmou que o foco é “salvar vidas e garantir o mínimo para que as famílias possam atravessar esse período com dignidade”. Mas especialistas alertam que, além da resposta emergencial, o Amazonas precisa fortalecer seus planos de adaptação às mudanças climáticas, que tornam fenômenos como as cheias mais intensos e frequentes.

A cheia de 2025 escancara, mais uma vez, a vulnerabilidade de milhares de amazonenses diante dos extremos da natureza. Uma realidade que exige não só solidariedade, mas também políticas públicas permanentes, eficazes e sustentáveis.

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