MPF cobra destruição imediata de 500 dragas do garimpo ilegal no Rio Madeira
Recomendação aponta risco às comunidades ribeirinhas e indígenas e exige ação coordenada entre órgãos ambientais e forças de segurança
O Rio Madeira, um dos mais importantes afluentes da bacia amazônica, voltou a ser palco de tensão. O Ministério Público Federal (MPF) recomendou a destruição imediata de mais de 500 dragas utilizadas no garimpo ilegal entre os municípios de Calama (RO) e Novo Aripuanã (AM). A medida inclui ainda a prisão em flagrante dos responsáveis e foi endereçada a órgãos ambientais, forças de segurança estaduais e federais, além da Polícia Federal e da Marinha do Brasil.
Segundo o MPF, as operações realizadas até agora têm mostrado efeito limitado: as dragas queimadas ou apreendidas acabam substituídas em poucos dias, mantendo o ciclo de exploração clandestina. Por isso, a recomendação exige não apenas ações imediatas, mas também a criação de um plano emergencial de fiscalização, com prazo de 15 dias para ser apresentado.
Impactos sobre a floresta e as comunidades
O garimpo ilegal no Madeira tem provocado danos ambientais graves, como a contaminação da água por mercúrio e o assoreamento do rio, além de gerar conflitos sociais. As áreas atingidas ficam próximas a terras indígenas e unidades de conservação federais, colocando em risco tanto a biodiversidade quanto a segurança de povos originários e ribeirinhos.

Para o MPF, o enfrentamento ao garimpo é também uma questão de proteção de direitos humanos. As comunidades locais relatam pressão de garimpeiros, ameaças e impactos diretos sobre sua saúde e modos de vida, já que a pesca e a água potável são afetadas pela poluição.
Ação coordenada e desafio permanente
A recomendação do MPF abrange uma força-tarefa conjunta, com participação do Ibama, ICMBio, Ipaam, Sedam (RO), Polícia Federal, Capitania Fluvial da Marinha e Polícias Militares do Amazonas e Rondônia. Além da destruição das dragas, a medida impede que garimpeiros sejam nomeados como depositários dos equipamentos apreendidos, uma prática que frequentemente facilitava a devolução irregular dos bens.

O procurador responsável pelo caso ressaltou que a ausência de ação integrada tem favorecido o avanço do garimpo no Madeira e que apenas uma presença contínua e articulada dos órgãos de fiscalização poderá frear a atividade ilegal.
Linha de frente contra a destruição
Com essa decisão, o MPF reforça a necessidade de políticas mais duras e permanentes para enfrentar a mineração ilegal, que avança de forma organizada e com forte impacto sobre a floresta. A destruição das dragas não é apenas uma resposta emergencial, mas um símbolo de resistência frente à ameaça que corrói o equilíbrio ecológico e social da Amazônia.
Enquanto se aguarda a resposta dos órgãos acionados, o futuro do Rio Madeira segue no centro da disputa entre a economia criminosa do garimpo e a defesa da vida das populações tradicionais e da floresta em pé.