Manaus ganha centro internacional de cooperação policial e Lula dispara contra o intervencionismo
Estrutura será inaugurada em setembro, reunindo países da OTCA, e presidente critica EUA por usarem meio ambiente e crime organizado como pretexto para violar soberania amazônica
A Amazônia será palco de um gesto diplomático e político sem precedentes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que Manaus sediará, no dia 9 de setembro, a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia — espaço voltado para enfrentar crimes transnacionais que atravessam as fronteiras da floresta, como narcotráfico, contrabando de madeira, mineração ilegal e tráfico de pessoas.
A estrutura surge como símbolo de integração regional. Com sede em Manaus, o centro vai abrigar representantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), consolidando a ideia de que os países amazônicos são capazes de cuidar de sua própria segurança, sem depender da tutela de potências externas.
Na ocasião do anúncio, Lula elevou o tom ao criticar países ricos — em especial os Estados Unidos — por utilizarem a pauta do combate ao crime organizado e da preservação ambiental como pretexto para violar a soberania amazônica. Para o presidente, a floresta não pode ser tratada como “terra de ninguém”, tampouco como laboratório de discursos que mascaram interesses econômicos.
“Querem dar lições de proteção, mas foram os que mais devastaram. Não aceitamos hipócritas usando o meio ambiente ou o crime como desculpa para intervir na Amazônia”, disse Lula.
Entre memória e futuro
A escolha de Manaus como sede do novo centro não é casual. A capital amazonense, marcada por sua história de portos, encontros culturais e disputas geopolíticas, torna-se agora epicentro da cooperação policial internacional. O anúncio também fortalece o simbolismo da cidade às vésperas da COP30, quando Belém sediará o maior encontro climático do planeta em 2025, mas com a Amazônia inteira sob os holofotes.
Mais do que inaugurar uma nova estrutura, o Brasil envia ao mundo um recado: a Amazônia tem voz própria, capacidade técnica e legitimidade histórica para enfrentar seus desafios.
Nossa conclusão
O novo Centro de Cooperação Policial em Manaus é um movimento estratégico: projeta o Brasil como líder regional, fortalece alianças amazônicas e, ao mesmo tempo, funciona como resposta contundente ao intervencionismo estrangeiro. A floresta não precisa de salvadores externos — precisa de respeito, cooperação e soberania.