Amazônia registra menor desmatamento em uma década
Amapá, Amazonas e Roraima lideram índices de preservação; desafio é conciliar economia e floresta em um território estratégico para o planeta
A Amazônia acaba de alcançar um marco importante: os dados mais recentes apontam que a região registrou, entre 2015 e 2024, o menor índice de desmatamento da última década. O levantamento mostra que, embora o Brasil como um todo tenha perdido 111,7 milhões de hectares de áreas naturais nos últimos 40 anos, a floresta amazônica apresentou sinais de recuperação, resultado direto de políticas de conservação e pressão internacional pela preservação.
Na Amazônia Legal, três estados se destacam pelo alto índice de áreas ainda intactas: Amapá (96%), Amazonas (95%) e Roraima (94%). O Amapá, que praticamente preserva a totalidade de seu território, consolidou sua posição como vitrine da conservação, graças à presença de extensas unidades de conservação e terras indígenas. O Amazonas, maior estado brasileiro em extensão territorial, mantém sob floresta a maior parte de sua área, enquanto Roraima tem se beneficiado de programas de controle de queimadas e fiscalização em áreas de fronteira.
O que explica o avanço
Especialistas atribuem o resultado a uma combinação de fatores:
Reforço na fiscalização ambiental, com uso de satélites e monitoramento em tempo real;
Políticas públicas voltadas à bioeconomia, que estimulam cadeias produtivas sustentáveis como manejo de açaí, castanha e óleos vegetais;
Ações de cooperação internacional, que deram maior visibilidade à importância da floresta amazônica no equilíbrio climático global;
Participação ativa de comunidades indígenas e tradicionais, que atuam como guardiãs de vastas áreas de floresta.
Desafios persistentes
Apesar dos avanços, o cenário ainda preocupa. O Brasil continua no topo da lista mundial de perda de vegetação nativa, e pressões sobre a Amazônia persistem, vindas da expansão da fronteira agrícola, da mineração ilegal e da grilagem de terras. No Amazonas e em Roraima, o avanço de queimadas durante períodos de estiagem extrema mostra a fragilidade da região diante da crise climática.
Outro desafio é conciliar crescimento econômico e preservação ambiental. Projetos de infraestrutura, como rodovias e hidrelétricas, seguem gerando debate sobre riscos ambientais e sociais. Especialistas apontam que apenas a integração da bioeconomia ao modelo de desenvolvimento pode oferecer alternativas sólidas para a região, transformando a floresta em ativo econômico sem destruí-la.
Uma região estratégica para o clima global
O resultado alcançado pela Amazônia reforça o papel central da região no enfrentamento das mudanças climáticas. A floresta é considerada o maior estoque de carbono do planeta e um dos biomas mais biodiversos da Terra. Sua preservação é essencial não apenas para o Brasil, mas para a estabilidade climática mundial.
O desafio daqui para frente é consolidar os avanços, ampliar a proteção e garantir que as políticas de desenvolvimento sustentável não sejam interrompidas por mudanças de governo ou por interesses econômicos de curto prazo.