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Amazonas fecha setembro em crescimento, mas exportações acendem alerta

PIB do Amazonas sobe 4,23% no segundo trimestre, puxado por indústria e serviços; agro resiste com exportações, mas gargalos logísticos e riscos climáticos mantêm região em atenção

Manaus (AM) – A economia da Amazonas encerra setembro sob uma leitura dupla: de um lado, o crescimento consistente em setores estratégicos; de outro, sinais de vulnerabilidade que podem comprometer os próximos anos. Dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti-AM) revelam que o Produto Interno Bruto (PIB) do estado avançou 4,23% no segundo trimestre de 2025, alcançando cerca de R$ 45,9 bilhões. O desempenho foi sustentado principalmente pela indústria de transformação e pelos serviços.

Indústria mantém protagonismo

O Polo Industrial de Manaus (PIM) continua sendo o motor da economia regional, com destaque para os segmentos de eletroeletrônicos e transporte. Ao lado, o setor de serviços ampliou participação no PIB, ajudando a sustentar empregos em meio à desaceleração nacional.

Para o presidente do Centro das Industrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, o avanço reafirma a relevância do modelo. “O PIM mostra resiliência e capacidade de resposta, mas precisamos de segurança jurídica e infraestrutura para não perder competitividade no cenário global.”

Agro resiste, mas sofre pressões

Enquanto a agropecuária manteve desempenho positivo nas exportações — crescimento de 5,7% em setembro, somando US$ 4,3 bilhões —, pequenos e médios produtores enfrentam dificuldades para escoar mandioca, banana e soja devido a estradas precárias e custos logísticos elevados.

Na outra ponta, a indústria extrativa e a de transformação recuaram, com queda de 3,9% e 4,5% respectivamente, refletindo menor demanda global e encarecimento da produção. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) a falta de investimentos em portos e corredores logísticos limita a competitividade da região.

Caminhos para uma nova economia

Especialistas consultados pelo Valor Amazônico apontam que a saída passa pela bioeconomia: cadeias produtivas de fármacos, cosméticos e alimentos derivados da biodiversidade que podem diversificar a matriz econômica sem ampliar o desmatamento.

“A bioeconomia não é alternativa, é destino. A Amazonas tem chance de ser referência mundial em novos modelos de desenvolvimento sustentável”, afirma o economista Sérgio Guimarães, consultor em políticas ambientais.

Olhando para 2026

Os indicadores reforçam a resiliência amazônica, mas também deixam claro que sem infraestrutura e crédito acessível o crescimento pode perder fôlego. Se os investimentos previstos em logística e inovação avançarem, 2026 pode consolidar a região como protagonista da economia verde brasileira.

Da Redação

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