Amazonas fecha setembro com déficit, mas caminha para recorde histórico de importações em 2025
Exportações somam US$ 66,9 milhões, puxadas por alimentos e motocicletas, enquanto importações atingem US$ 1,46 bilhão, com destaque para bens intermediários que sustentam o Polo Industrial de Manaus
O Amazonas encerrou setembro de 2025 com um déficit de US$ 1,39 bilhão na balança comercial, resultado de uma corrente de comércio de US$ 1,53 bilhão. Do total, apenas US$ 66,9 milhões vieram de exportações, frente a US$ 1,46 bilhão em importações, reforçando a dependência do estado em relação a insumos industriais.
Embora o saldo negativo seja expressivo, o desempenho das importações confirma a força do modelo da Zona Franca de Manaus, que se apoia em bens intermediários importados para transformar insumos em produtos industrializados de alto valor agregado.
Exportações modestas e concentradas
As exportações continuam em patamar modesto e altamente concentradas em poucos itens e destinos. A Colômbia se manteve como principal parceiro comercial, absorvendo US$ 5,93 milhões em “outras preparações alimentícias”, o que corresponde a mais de 60% do total exportado. A Argentina aparece em seguida, puxada pela venda de motocicletas de média cilindrada, que somaram US$ 3,74 milhões (44,5% das exportações para o país).
O interior do estado também teve participação relevante. Presidente Figueiredo exportou US$ 6,42 milhões em ferro-ligas para a China, enquanto Itacoatiara destinou US$ 2,87 milhões em soja triturada ao mesmo país. Esses números mostram que, além do Polo Industrial de Manaus, municípios interioranos ampliam gradativamente sua presença no comércio exterior, ainda que de forma tímida.
Importações confirmam vocação industrial
Do lado das importações, o perfil do Amazonas permanece claro: bens intermediários representaram a maior fatia, somando US$ 1,247 bilhão, ou seja, mais de 85% do total importado. Esse volume reforça a vocação do estado como polo industrial dependente de insumos externos para abastecer sua linha de produção.
A China segue como principal fornecedora, com destaque para “outros suportes gravados” — categoria ligada a tecnologia e informação — que movimentaram US$ 72,8 milhões, equivalentes a 13,1% das compras junto ao país.
Os Estados Unidos aparecem na segunda posição, com importações de óleos de petróleo que somaram US$ 24,4 milhões, ou 18% do total importado daquela nação.
O interior também se destaca nas compras externas: Itacoatiara importou US$ 5,99 milhões em óleos de petróleo da Rússia, enquanto Nova Olinda do Norte registrou US$ 3,4 milhões em aeronaves e veículos espaciais adquiridos dos Estados Unidos.
Projeções para 2025 e riscos
De janeiro a setembro, o Amazonas já acumula US$ 12,56 bilhões em importações, valor que representa 78% de todo o volume registrado em 2024, ano em que o estado alcançou o recorde histórico de US$ 16,14 bilhões.
A tendência indica que, mantido o ritmo, o estado deve superar esse marco até dezembro. O desempenho reforça o papel do Polo Industrial de Manaus (PIM) como motor da economia regional e peça estratégica para o comércio exterior brasileiro.
Por outro lado, especialistas alertam que o baixo desempenho das exportações limita a capacidade do estado de reduzir a vulnerabilidade externa. A concentração em poucos produtos e destinos, somada ao déficit estrutural, mantém o Amazonas dependente do volume de importações e do equilíbrio nacional para sustentar sua balança.
Além dos números
Os dados da balança comercial são elaborados pelo Departamento de Estatística e Geoprocessamento (Degeo) da Sedecti/Seplan com base no Comexstat. Para analistas, os resultados mostram tanto a vitalidade do PIM quanto a necessidade de diversificação das exportações, seja com produtos agrícolas, minerais ou ligados à bioeconomia.
O desafio do Amazonas é equilibrar a robustez de suas importações — que sustentam a indústria e a geração de empregos — com uma agenda de inovação e diversificação exportadora, capaz de transformar o estado em um player global não apenas pela produção, mas também pela oferta de produtos amazônicos no mercado internacional.