Brasil propõe resposta global a incêndios florestais na Pré-COP30
Iniciativa apresentada em Brasília reforça papel da Amazônia e dos povos indígenas na agenda climática internacional
O governo brasileiro apresentou, nesta terça-feira (14/10), uma proposta de resposta global aos incêndios florestais, durante a Pré-COP30, que acontece em Brasília. A iniciativa reforça o protagonismo do país na construção de soluções ambientais e busca incluir o tema como prioridade nas negociações da COP30, que será sediada em Belém (PA) em novembro de 2025.
A proposta foi discutida por representantes de mais de 60 países, líderes indígenas, pesquisadores e gestores públicos, e pretende criar uma coalizão internacional de prevenção e combate a incêndios florestais, com foco em proteção da biodiversidade, saúde humana e segurança alimentar.
Amazônia no centro das discussões
Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a proposta foi inspirada em dados alarmantes sobre a expansão do fogo em biomas tropicais, especialmente na Amazônia e no Cerrado, onde o número de queimadas ultrapassou 40 mil focos ativos entre agosto e outubro.
A ministra Marina Silva destacou que o Brasil pretende “transformar a experiência amazônica em referência global para a prevenção de incêndios e para o manejo sustentável das florestas”.
“Os incêndios já ultrapassaram a dimensão ambiental e se tornaram um problema de segurança climática. É hora de uma resposta planetária, que una ciência, comunidades tradicionais e cooperação internacional”, afirmou Marina Silva.
Povos indígenas como guardiões do clima
Um dos pilares da proposta brasileira é o reconhecimento do papel dos povos indígenas na prevenção e no controle do fogo. A iniciativa prevê a criação de um mecanismo de financiamento direto para comunidades tradicionais, além de ampliar projetos de manejo comunitário e monitoramento participativo.
A representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Nara Baré, ressaltou que o diálogo com os povos da floresta precisa ser parte da solução global:
“Não há resposta possível sem escutar quem vive e protege o território todos os dias. A floresta é o nosso lar e também o equilíbrio do planeta.”
Rumo à COP30 em Belém
A proposta será consolidada em um documento-base para a COP30, que deve reunir cerca de 50 mil participantes de 190 países em Belém.
O Brasil quer aproveitar a conferência para lançar um pacto de cooperação amazônica, integrando os nove países da região e reforçando o papel da floresta como ativo global de mitigação climática.
O governo também defende a criação de um fundo internacional permanente para prevenção e combate a incêndios, com participação de países do G20, organismos multilaterais e setor privado.
Contexto regional
Nos últimos meses, a Amazônia brasileira tem enfrentado extremos simultâneos de chuva intensa e seca severa, fenômeno que especialistas associam ao El Niño e ao agravamento das mudanças climáticas.
A presença de fumaça em capitais como Manaus e Porto Velho reacendeu o alerta sobre a vulnerabilidade das cidades amazônicas diante da crise climática.
A proposta brasileira reforça a necessidade de planos nacionais de adaptação climática e de políticas públicas integradas entre defesa civil, saúde e meio ambiente — temas que também estarão na pauta da COP30.
Foto: Ricardo Stuckert / PR