COP 30 AMAZÕNIASUSTENTABILIDADE

Investidores e comunidades da Amazônia defendem que o capital precisa escutar o território

Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (FIINSA COP30) mostra que desenvolvimento e preservação só caminham juntos quando quem vive no território tem voz nas decisões

Belém (PA) – A Amazônia fala — e o capital precisa aprender a escutar. Com essa provocação, começou em Belém o Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (FIINSA COP30), evento que abriu sua programação reafirmando que o futuro da região depende de investimentos conectados ao território e às pessoas que o habitam.

No campus do Centro Universitário do Pará (Cesupa), empreendedores, investidores, representantes de comunidades tradicionais e gestores públicos se reuniram para discutir como o investimento pode gerar impacto real — econômico, social, ambiental e cultural. O encontro é organizado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e pelo Impact Hub Manaus, com corealização do Cesupa, dentro da programação oficial da COP30.

Investir com a Amazônia, e não apenas na Amazônia

O primeiro painel, “Capital que alavanca impacto: como garantir resultados reais?”, trouxe uma mensagem clara: não há desenvolvimento sustentável sem diálogo com quem vive na Amazônia.

Mediado por Carlos Koury, do Idesam, o debate reuniu Paulo Reis (Associação dos Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia – Assobio), Denis Minev (Bemol), Sandro Baré (Fundo Indígena Podáali), Marcia Soares (Fundo Vale) e Melissa Sendic (Climate and Land Use Alliance – CLUA).

“Não basta investir na Amazônia, é preciso investir com a Amazônia”, destacou Sandro Baré, indígena do povo Baré e diretor financeiro do Fundo Podáali.

Para ele, o verdadeiro impacto só acontece quando os povos tradicionais participam das decisões sobre o destino dos recursos. Paulo Reis, da Assobio, reforçou:

“O capital que chega à Amazônia precisa entender a diversidade dos territórios e respeitar os modos de vida locais. Não existe impacto real se o capital não dialogar com quem vive aqui.”

Melissa Sendic, da CLUA, completou dizendo que o desafio é “alinhar a lógica financeira global à lógica da floresta viva”, tornando o retorno financeiro compatível com a preservação ambiental.

Quem está à mesa também importa

O segundo painel da manhã, “Quem senta à mesa: equilibrando forças no ecossistema amazônico”, ampliou o debate sobre representatividade e protagonismo regional. Participaram Bruna de Vita (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima), Tatiana Schor (BID), Noanny Maia (Cacauaré Amazônia), Taciana Coutinho (UFAM) e José Damasceno Karipuna (The Nature Conservancy – TNC), com mediação de Marcus Bessa, do Impact Hub Manaus.

A conclusão foi unânime: não há sustentabilidade sem inclusão.

“Equilibrar forças é permitir que quem produz na floresta tenha voz e espaço nas decisões sobre o futuro dela”, afirmou Noanny Maia, empreendedora amazônida.

Bruna de Vita, do MMA, acrescentou que políticas públicas precisam refletir esse equilíbrio.

“A bioeconomia amazônica só vai prosperar quando for construída com quem vive o território. A presença de mulheres, comunidades e povos tradicionais é o que dá legitimidade ao processo”, disse.

Um festival que antecipa o futuro

Ao longo do dia, o FIINSA COP30 segue com painéis, rodas de conversa e uma feira de produtos da sociobiodiversidade, transformando Belém em um grande ponto de encontro entre quem pensa e quem faz o futuro da Amazônia.

Mais do que discutir investimentos, o festival provoca uma reflexão urgente: o capital que não escuta o território não tem futuro. A floresta exige um novo modelo — de economia, de escuta e de convivência.

Sobre o FIINSA COP30

O Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia é uma realização do Idesam e do Impact Hub Manaus, com corealização do Cesupa. Conta com patrocínio do Fundo Vale, Soros Economic Development Fund, Bemol, CNP Seguradora e Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) da Suframa.

O evento tem apoio do Instituto Sabin, Bezos Earth Fund, Carbon Disclosure Project (CDP) e Amazon Investor Coalition, além de parceiros como o Projeto Saúde e Alegria, Assobio, Rede Amazônidas pelo Clima, Centro de Empreendedorismo da Amazônia, Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto, Conexsus, Instituto Arapyaú e Casa Amazônia.

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