DESTAQUESAÚDE

Melhorias no fluxo de atendimento e regulação, desafoga unidades de saúde do Amazonas

Apesar dos resultados positivos nos últimos dias, a titular da Susam, Simone Papaiz, alerta que é precoce avaliar que a crise mais aguda da pandemia já passou.

Dados do Sistema de Regulação da Secretaria Estadual da Saúde (Susam) mostram aumento do número remoções inter-hospitalares por meio do Sistema de Transferência de Emergências Reguladas (Sister), reduzindo a fila de espera na capital e no interior. No dia 1º de maio, 97 pessoas aguardavam transferência na regulação. Neste domingo (17/05), havia 27 pessoas no aguardo até às 16h. O Governo do Estado ampliou de 20 para 39 o número de ambulâncias para as remoções reguladas.

De acordo com a titular da Susam, Simone Papaiz, os resultados positivos nas unidades de saúde portas abertas são resultado da organização do fluxo de atendimento dos pacientes, durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Adoção de tendas de triagem, agilidade nas transferências pelo sistema de regulação e consultas online pelo aplicativo Sasi contribuíram para a melhoria.

Apesar da redução observada no fluxo de pacientes nas unidades de urgência e emergência da capital nos últimos dias, a secretária alerta que é precoce avaliar que a crise mais aguda da pandemia já passou.

“Melhoramos nossos fluxos e nossa pronta-resposta, aumentamos a oferta de leitos e hoje vemos que a regulação consegue fazer mais remoções. O resultado é que em vários momentos podemos observar as salas rosas vazias. Isso é bom. Mas, por outro lado, a população não pode achar que o pior já passou. O isolamento social é importante, porque a curva de casos ainda é alta inclusive com o avanço no interior. Portanto, continuamos a pedir que fiquem em casa”, frisou a secretária.

As internações em leitos públicos somam 878 pacientes confirmados e suspeitos de Covid-19, conforme balanço da Fundação de Vigilância em Saúde deste domingo (17/05). O número de 878 pacientes internados é 14% maior do que o que havia no dia 1⁰ de maio, quando 770 pacientes estavam internados. A rede pública representa 75% do total de internações por Covid-19 em Manaus.

O aumento de remoções também foi possível graças a evolução na oferta de leitos. O Governo do Estado ampliou de 639 para 1.138 leitos para Covid-19 do início da pandemia no Amazonas até o último dia 15 de maio, uma alta de 65,7%.

Triagem externa

Outro fator que contribuiu para melhoria do fluxo nas unidades de saúde foi a implantação de tendas externas de triagem de pacientes nas unidades de urgência e emergência de Manaus, que gerou avanços na identificação de pacientes que se enquadravam nos sintomas de Covid e seu encaminhamento, quando necessário, para internação, diminuindo inclusive exposições ao vírus.

No Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto, uma das principais unidades de saúde de portas abertas do Estado, o fluxo de atendimento na Sala Rosa – o primeiro estágio de internação nas unidades -, apresentou redução mais acentuada nos últimos três dias. De acordo com dados da direção do HPS 28 de agosto, caiu de 52, entre o final de abril e início de maio, para 20 pacientes por dia.

“Antes a gente tinha um fluxo muito grande de pacientes que davam entrada como casos suspeitos de Covid. A parte da triagem melhorou bastante, a gente percebeu, conseguiu ver durante os plantões, essa diferença no atendimento, no número de pacientes”, observou a enfermeira Beatriz Libório, que atua na Sala Rosa 1 do 28 de Agosto.

Ela ressalta que a tenda de triagem externa possibilitou um atendimento interno mais qualificado e bem controlado. “Reduziu bastante os números. Tanto é que lá dentro a gente consegue ver leitos vazios, realmente os pacientes já dão entrada mesmo para o tratamento de internação, um tratamento clínico. É um primeiro atendimento, feito pela equipe de enfermagem. O enfermeiro está lá, faz essa triagem e essa classificação. Tem uma classificação de risco para pacientes com casos suspeitos de Covid-19”, detalhou a enfermeira.

Atualmente, além de duas salas rosas, o HPS 28 de Agosto conta com 180 leitos clínicos e 48 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A unidade aumentou 99% o total de leitos para Covid-19. A unidade implantou, ainda, 13 leitos de sala vermelha equipados com suporte para pacientes que chegam em estado crítico, incluindo respiradores.

SPAs

Os Serviços de Pronto Atendimento (SPAs) também registram redução em pacientes devido à melhor organização e ampliação da rede de saúde. Um dos exemplos é o SPA e Policlínica Danilo Corrêa, na zona norte de Manaus, que tem setores como triagem, observação comum, isolamento respiratório e sala de emergência com fluxo menos intenso.

“Nós, como profissionais que estamos atuando desde o início dessa pandemia, atribuímos esse cenário, com o SPA praticamente todo vazio, às ações de saúde”, disse a enfermeira supervisora da unidade, Eliana de Paula. Segundo ela, a triagem com encaminhamento para Unidades Básicas de Saúde e orientações do Comitê de Crise de Covid-19 do Estado ajudaram na melhoria.

“Há mais de duas semanas não temos nenhum paciente grave. Não temos pacientes sendo intubados por conta do Covid-19”, afirmou Eliana.

No SPA da Alvorada, zona centro-sul da capital, a melhoria nos fluxos também refletiu na organização. A estrutura da unidade foi adaptada logo no início da pandemia para atender à alta demanda de pacientes. Há cerca de duas semanas foi observada uma redução de cerca de 40% na quantidade de atendimentos, graças a uma agilidade maior nas transferências de pacientes para unidades de referência.

Interior

A organização do fluxo permite que mais pacientes do interior possam ser transferidos para a capital. “Estamos fazendo um movimento para transferir muitos pacientes do interior, principalmente dos municípios do entorno. Com essas salas rosas desafogadas a gente consegue drenar mais pacientes da região metropolitana, que chegam por via terrestre; e também pacientes por meio das UTIs aéreas. Foram feitas cinco remoções ontem (16/05), sete na sexta e sete na quinta-feira. Estamos com uma média boa de remoções do interior, ampliamos”, avaliou o secretário executivo adjunto de Assistência Especializada ao Interior da Susam, Cássio Espírito Santo.

Sasi
O atendimento virtual gratuito por meio do aplicativo Sasi também reflete numa redução da busca por atendimento presencial, nas unidades de saúde.

Criado com o objetivo de diminuir o fluxo de pacientes nas unidades e evitar a disseminação coronavírus, o sistema registrou, de 6 de abril (data em que entrou em funcionamento) até cinco de maio, 31.900 atendimentos à população. A ferramenta tecnológica, aliada no enfrentamento à pandemia, destaca-se por reunir, em um único canal, um conjunto de serviços relacionados ao Covid-19, para esclarecer dúvidas, orientar e monitorar a população.

O aplicativo, desenvolvido pelo Governo do Amazonas, por meio da Susam, em parceria com a empresa INN Tecnologias, conta com mais de 60 médicos da rede estadual de saúde, que realizam o atendimento de domingo a domingo, divididos em três turnos, sendo 12 médicos por plantão.

Pular para o conteúdo