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Indígenas warao celebram o dia do refugiado em espaços de acolhimento

Além dos festejos da data alusiva os técnicos que trabalham no local realizaram uma festa para os aniversariantes do mês, saudando a passagem de mais uma primavera em um país

Nos seis espaços de acolhimento provisório, da Prefeitura de Manaus, onde vivem 624 refugiados venezuelanos da etnia warao, a semana foi de muita dança apresentações e atividades esportivas. O motivo das festividades se deu em comemoração ao Dia Mundial do Refugiado, celebrado neste sábado, 20/6.

“A atuação do Executivo municipal, diante dos refugiados indígenas, conforme a orientação do prefeito Arthur Virgílio Neto, é de suma importância, pois garantimos os direitos sociais dessa população que veio em busca de melhores condições de vida, diante da crise social e econômica do país vizinho. Aqui, eles encontram uma esperança, e quando executamos ações para comemorar o dia do refugiado respeitamos a origem dessa população”, ressalta a diretora do Departamento de Proteção Social Especial (DPSE) da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), Mirella Lauschner.

Em todos os abrigos ao longo da semana a Semasc em parceria com as agências da Organização das Nações Unidas (ONU): Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Instituto Mana organizaram atividades e celebrações em alusão a data, com o intuito de fortalecer a identidade cultural.

No abrigo da zona Sul, além dos festejos da data alusiva os técnicos que trabalham no local realizaram uma festa para os aniversariantes do mês, saudando a passagem de mais uma primavera em um país, longe das terras indígenas do rio Orinoco, onde vivem os waraos.

No abrigo da zona Oeste, os refugiados indígenas se divertiram com fotos reveladas na hora pela OIM. A recordação de um momento gravado em uma fotografia, um sorriso de esperança para meninos e meninas waraos que amam fotografias.

No abrigo provisório da zona Leste, onde se encontram 107 refugiados da etnia warao, acolhidos pela Semasc, a última sexta-feira, 19, foi marcada por diversas atividades culturais, em alusão a data comemorativa.

Com vestimentas produzidas por eles mesmos, os indígenas dançaram o chamado baile dos warao, como explica o cacique Simplício Zapata. “O dia é o momento de recordar os costumes dos antepassados da etnia warao. Hoje, estamos celebrando nosso dia com muita dança. Esse é um dia de união para nossa etnia”, informa.

O ritual ao som de instrumentos improvisados produzidos com garrafas PET garantiu a animação, com canções no idioma warao. O rito é para espantar as doenças e trazer alimentação farta à comunidade indígena. Após a atração cultural os refugiados disputaram uma partida de futebol masculino, enquanto uma equipe feminina realizou um jogo de vôlei de quadra.

A cuidadora Geisy Sulamita Rodriguez, 35 anos, atualmente cuida dos refugiados de sua nacionalidade, em um dos acolhimentos da Prefeitura de Manaus. Ela conta que no momento das apresentações foi retratada mentalmente toda dificuldade que viveu quando chegou ao Brasil há 15 anos como refugiada com sua família, em busca de melhoria de vida e saúde.

“Além de ser uma grande experiência para vida profissional e pelo fato de também eu ser venezuelana, me sinto em casa. Isso é uma maneira de transmitir que mesmo em outro país tudo vai ficar bem, mesmo que seja de uma forma lenta”, observa.

Atendimento

A Prefeitura de Manaus desde o final de 2016, começou a atender os primeiros refugiados venezuelanos da etnia warao, que ocupavam o entorno da rodoviária de Manaus, com ações de saúde e assistência social.

Em meio à pandemia do novo coronavírus, o trabalho a saúde integral junto aos indígenas venezuelanos tem sido intensificado pelo Plano Emergencial de Enfrentamento à Covid-19.

Nos cinco espaços de acolhimento, os indígenas recebem as três principais refeições do dia (café, almoço e janta). No período de 2/4 até o último dia 2/6, foram 108 mil refeições distribuídas pela Semasc. Desse total, 15 mil almoços foram doados pela OIM.

Somente no abrigo do Centro, os indígenas preparam suas próprias refeições, pois o espaço possui estrutura para o preparo da alimentação diária. 

Os abrigos são assistidos por uma equipe multidisciplinar de técnicos da Assistência Social. O trabalho foi reforçado com a contratação de mais psicólogos, assistentes sociais, coordenadores de abrigos, cuidadores sociais por meio de Edital de Credenciamento para Contratação Emergencial.

Os refugiados warao também passaram a contar com o Centro de Isolamento e Observação para pacientes desse grupo vulnerável com casos mais leves de Covid-19. O espaço é fruto da parceria entre a Prefeitura de Manaus e o Médicos Sem Fronteiras (MSF) e foi implantado em uma escola municipal da zona Centro-Sul. O Centro de Isolamento e Observação conta com nove espaços restritos. Cada um comporta até dez pessoas da mesma família, dispondo de redes e estrutura para o período de observação da doença. No espaço, os pacientes indígenas contam com as três refeições diárias (café da manhã, almoço e janta) e são acompanhados também por profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).

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