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TURISMO & ESPORTE: UMA SIMBIOSE PERFEITA

por Oreni Braga

Como é sabido os eventos esportivos são indutores para o desenvolvimento do turismo local, pois esses dois setores combinam muito bem e, se forem incentivados pelas políticas públicas, podem gerar riquezas e mitigar as mazelas sociais. Cidades brasileiras como o Rio de Janeiro, Florianópolis, São Paulo e outras capitais movimentam milhões de reais, empregam milhares de pessoas e arrecadam volumosas quantias de tributos, quando são sedes de eventos como Maratonas,  Fórmula 1, Arrancadas, Mundial de Atletismo, entre outras. Os participantes desses eventos permanecem, em média, de 4 a 7 dias, e costumeiramente levam consigo um acompanhante.

Esses eventos, além de gerar riquezas, pois deixam, em média, 122 milhões de reais na cidade, atrai a atenção dos atletas mundiais e holofotes internacionais, contribuindo significativamente para a divulgação e promoção do local, gerando um marketing gratuito, muitas vezes impagável.

Obviamente que, para a cidade receber esses eventos é necessário um trabalho a curto, médio e longo prazo, que defina um calendário regional, nacional e internacional, todos os anos, o ano todo. 

Afora isso, deve haver um compromisso por parte do gestor municipal, em preparar a cidade com infraestrutura básica (transporte público humanizado, iluminação pública, serviço de internet, paisagismo, limpeza pública, sinalização turística e outros); e de apoio, com a disponibilização de bons hospitais, segurança, quadras poliesportivas, arenas, pistas para atletismo, piscina olímpica, etc. Atrelado a isso, a cidade deve oferecer infraestrutura de serviços turísticos como conectividade, ou seja, voos nacionais e internacionais, hotéis, restaurantes, táxis, aeroporto, casa de câmbio, shoppings, casas de shows, zoológicos, parques, enfim, deve estar preparada para atender demandas diversas e com alto poder aquisitivo.

Se formos analisar Manaus, com exceção dos serviços turísticos, do complexo esportivo que inclui a Arena de Futebol que hospedou jogos de Copa do Mundo e a Vila Olímpica que dispõe de infraestrutura para atletismo, natação e outras modalidades (necessitando de uma boa reforma), e o Centro de Convenções que qualifica a cidade para as grandes conferências esportivas e de outros segmentos, a Capital Internacional da Amazônia ainda não está preparada para esses acontecimentos sistemáticos.

O nosso sistema de transporte urbano está colapsado, o Centro Histórico da cidade foi invadido por mendigos, facções e vendedores ambulantes de tudo um pouco, inclusive de bebidas alcoólicas, cujos consumidores embriagados passam a ocupar os locais de convivência dos trabalhadores daquele perímetro urbano, sem nenhuma fiscalização pública. Os prédios abandonados tornaram-se acomodações para consumidores de drogas e traficantes.

E o que é mais triste de tudo isso é que os hoteleiros que há décadas estão fincados naquele Centro, acreditando e investindo no turismo, sentem-se impotentes diante dos desafios vivenciados todos os dias, com seus hóspedes (quando tem) e seus funcionários, sendo assaltados pelos bandidos.  

As ruas são “asfaltadas” e os buracos também. As ruas não recebem nivelamento. Asfaltam os buracos. Isso é hilário se não fosse trágico. Haja pneu e amortecedor para os veículos dos manauaras que todos os dias são obrigados a enfrentar esses desafios. Como seria a experiência de um turista atleta dirigindo na nossa cidade? Por certo não seria uma das melhores! E as ciclovias?

Os atrativos turísticos de Manaus, conta-se nos dedos, e a maioria deles estão desprovidos de qualquer participação, cuidado e atenção da gestão municipal. A Sinalização Turística que existe ainda é legado da Copa 2014 de Futebol, implantada pelo Governo do Estado.

Manaus não dispõe de um paisagismo que encante o visitante. Por ser uma cidade localizada na linha do Equador e incrustada no coração da maior floresta tropical do mundo, deveria ser a mais arborizada no país, mas não é.

A Capital Amazonense não dispõe de um Porto Turístico moderno, eclético e que guarde na memória a história da cidade. O que tem hoje está sucateado e sem condições de receber navios de grandes portes. Quando recebe, demanda uma série de problemas que refletem na imagem negativa do destino. As questões burocráticas de contratos lá atrás impedem quaisquer investimentos.

Os artesãos da cidade estão espalhados em cantos sem encantos, que deixam o visitante sem ânimo para ir até lá comprar alguma coisa.

Enfim, Manaus está precisando de um olhar comprometido de verdade. Alguém que transforme essa cidade em um destino capaz de receber grandes e importantes eventos esportivos nacionais e mundiais, que possam incrementar o turismo local, beneficiando diretamente os hoteleiros, agentes de viagem, guias de turismo, transportadores turísticos, artesãos, enfim que possam diminuir a pobreza e gerar riquezas para toda a cadeia turística.

  A hora é agora!


Oreni Braga é Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental, Especialista em Ecoturismo, Planejamento e Gestão de Parques e Design de Ecolodges.


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