DESTAQUEECONOMIA

Empresário da ZFM defende promoção da bioeconomia como saída para o desenvolvimento da Amazônia

Presidente do Cieam, Wilson Périco, propõe investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação voltados a bioeconomia, biotecnologia e sociobiodiversidade, em lugar de desmatamento e queimadas desmedidas

Ana Celia Ossame

A hora da bioeconomia está chegando e, da Amazônia, poderá vir a grande solução para o desenvolvimento sustentável brasileiro para as próximas décadas. Esse é o entendimento de Wilson Périco, empresário, presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), uma das principais entidades representativas da classe empresarial da Zona Franca de Manaus (ZFM).

“Estamos falando do bioma Amazônia, o mais rico em biodiversidade do planeta. Ele pode ser um grande gerador de valor para toda a sociedade, mantendo a floresta em pé. A bioeconomia e a biotecnologia podem ser uma grande alternativa de todos nós aqui da região, como diversificação produtiva pelo interior do Estado”, argumenta o empresário, que é paulista de nascimento, mas um amazônida pela vivência, dedicação e defesa da região. Wilson Luiz Buzato Périco veio para Manaus em 93 para trabalhar na empresa Itautec-Philco.

Em entrevista exclusiva ao Valor Amazônico, Wilson Périco defende o estímulo ao microempreendedor amazônico sustentável, a garantia de treinamento profissional e renda às comunidades mais remotas dos centros urbanos, assim como garantia de produção de insumos na forma de óleos essenciais, castanha e sementes para a indústria da bioeconomia, como escreveu em recente artigo publicado é um dos principais jornais em circulação do país.

No entendimento do presidente do Cieam, por ser farto em riqueza natural, mas pobre e desigual, o Amazonas pode usar suas contradições e dualidades como arma para a construção de um modelo de desenvolvimento socioeconômico altamente sustentável.

Os investimentos para construção dessa nova matriz econômica, segundo Wilson Périco, viriam dos diversos fundos e receitas tributárias oriundos da ZFM. O empresário lembra que hoje, o Polo Industrial de Manaus contribui com R$1,6 bilhões, por ano, para fundos do estado do Amazonas, como, por exemplo, o Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas (FTI) e Fundo de Fomento às Micro e Pequenas Empresas (FMPES).

Wilson Périco sugere que eles sejam agrupados em um grande fundo de desenvolvimento da bioeconomia, sob nova governança, com avaliação transparente de usos e relatórios periódicos, juntamente com os investimentos em PD&I, que as empresas incentivadas fazem em forma de compensação pelos incentivos fiscais que recebem da Zona Franca de Manaus,

“Esses recursos poderiam, mesmo que parcialmente, serem focados em PD&I para a diversificação produtiva do estado e para a formação de novos talentos, para cursos de qualificação de trabalhadores no interior do estado e para a formação de cadeia de microempreendedores amazônicos. Somos confiantes de que vamos conseguir avançar nesta agenda”, afirma.

Evolução do PIM

Em primeiro lugar, o empresário afirma que a opção pela bioeconomia e biotecnologia para o estado do Amazonas precisa caminhar junto com a sustentação e a diversificação do Polo Industrial de Manaus (PIM), base de sustentação da Zona Franca de Manaus, que atualmente é responsável por quase 500 mil empregos diretos, indiretos e induzidos, além de bilhões de reais em receita tributária para a União, Estado e município de Manaus, recursos para fundos estaduais, sustentação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), entre outras contribuições.

Wilson Périco propõe a diversificação produtiva do PIM, promovendo cadeias produtivas na indústria de fármacos, cosméticos, piscicultura, alimentação, turismo, madeira legal e de manejo, entre outros, e que seja ampliada, se expandindo por todo o estado do Amazonas.

Os setores públicos e privados precisarão caminhar juntos, com realização de investimentos em infraestrutura, incluindo em setor de telecomunicações, transporte fluvial, portuário, rodoviário, em pesquisa e desenvolvimento, e em centros de pesquisa de excelência aqui na região.

Capital humano

Mas, para que isso aconteça é preciso investir em capital humano, na formação de cientistas, em pesquisa e desenvolvimento, como fez o agronegócio brasileiro que, em quatro décadas aumentou seis vezes o tamanho da produção, ampliando em apenas 33% a área utilizada. Um crescimento, que foi resultado de pesquisa e desenvolvimento.

Da mesma forma, Wilson Périco acredita que pode ocorrer com a bioeconomia na Amazônia. “No lugar de desmatamento e queimada desmedida, intensa produção de pesquisa, desenvolvimento e inovação em bioeconomia, biotecnologia e sociobiodiversidade”, afirma.

Wilson Périco aponta o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) e a Embrapa como intuições que podem dar o suporte para construção dos alicerces da bioeconomia. “São instituições que têm muito a oferecer para todo o estado do Amazonas.

O empresário propõe também, estimular e promover o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) na região, com desenvolvimento de inteligência de registro de patentes e de radar de inovações amazônicas. “Tudo isso aumenta a segurança jurídica dos novos negócios inovadores na região. Essa realidade está muito próxima de todos nós”, argumenta.

Foto: Ilustração/CNI

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