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Decreto do presidente Bolsonaro ameaça 5 mil empregos no Polo Industrial de Manaus

Redução de alíquota do imposto de importação de bicicletas faz dirigentes de entidades do PIM pedirem intervenção política para reverter decreto

Ana Celia Ossame

Temor e indignação são os sentimentos manifestados pelas lideranças do Polo Industrial de Manaus (PIM) pela decisão do governo federal de reduzir de 35% para 20% a alíquota do imposto de importação de bicicletas no Brasil, até o final do ano.

A decisão só vem agravar ainda mais os efeitos econômicos negativos causados pela pandemia ao PIM, inviabilizando o segmento de produção de bicicletas na ZFM e eliminando 5 mil empregos diretos e indiretos no Polo”, lamenta o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (CIEAM), Wilson Périco.
O anúncio veio do próprio presidente Jair Bolsonaro, em postagem em suas redes sociais, na noite da última quarta-feira, (17/02), acompanhada de uma foto do chefe do Executivo andando de bicicleta.

Na publicação, o presidente informa que a alteração da alíquota, oficializada no Diário Oficial da União (DOU) de ontem, quinta-feira, (18/02), foi uma decisão da Camex (Câmara de Comércio Exterior), do Ministério da Economia, mas que seria realizada aos poucos, caindo de 35% para 30%, em março, e passando para 25%, em julho, e finalmente para 20%, em dezembro.

Emergência

A medida, de acordo com vários dirigentes classistas, “fere de morte um segmento industrial emergente da indústria incentivada de Manaus, especialmente em um momento em que o setor e o Amazonas encontram-se sitiados pela segunda onda da pandemia e seus impactos econômicos adversos.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Antonio Silva, destaca dados confirmando que 2020 foi ano de “crescimento espetacular” para o mercado brasileiro de bicicletas, com alta de 50% nas vendas, em comparação com 2019, por isso não vê na medida federal nenhum eventual favorecimento à economia brasileira ou à indústria brasileira, mas apenas prejuízos ao país e, principalmente, prejuízo para a Zona Franca de Manaus”.

Mobilização política

A decisão de “abrir a economia” pelo Ministério da área, nesse momento em que o país precisa gerar mais empregos, em razão da crise da covid-19, é mais lamentável ainda, destaca Périco. De acordo com ele, essa decisão pode afugentar investimentos em um segmento industrial que alcançou o maior índice de crescimento de volume de produção, no ano passado.

De acordo com ele, a questão das alíquotas já tem sido discutida há muito tempo com o Ministério da Economia. “O país não tem grandes conglomerados industriais nacionais no segmento de bens de consumo e este é atendido por grandes multinacionais que geram empregos para brasileiros”, explicou ele, afirmando que a partir dessa compreensão, deve-se formular uma política industrial com base nos objetivos a serem alcançados.

Os empresários contam com as intervenções do vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM) e dos senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Eduardo Braga (MDB-AM). Braga anunciou ontem, quinta-feira (18/02), que irá apresentar um projeto de decreto legislativo para suspender os efeitos da decisão do Governo Federal de reduzir, a partir de 1º de março, a alíquota do imposto de importação de bicicletas.

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