Capitais brasileiras falham na redução de emissões: Manaus apresenta desafios e oportunidades
Iniciativas no setor de transporte e energia são essenciais para que Manaus e outras cidades alcancem as metas climáticas
A capital do Amazonas, Manaus, está entre as grandes cidades brasileiras que ainda não conseguiram alinhar suas políticas com as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, segundo uma pesquisa recente. Embora existam iniciativas pontuais, especialistas apontam que é preciso intensificar os esforços em áreas como transporte e energia para que Manaus possa reduzir suas emissões e contribuir efetivamente para a mitigação das mudanças climáticas.
Um estudo divulgado recentemente alerta que diversas capitais brasileiras estão longe de atingir as metas para a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Em Manaus, a situação é particularmente preocupante, já que a cidade enfrenta desafios específicos relacionados ao seu sistema de transporte público, crescimento populacional desordenado e às emissões associadas ao setor energético.
De acordo com o Plano de Ação Climática de Manaus, lançado pela prefeitura municipal, a capital amazonense reconhece a necessidade de uma transição energética e da implementação de políticas voltadas para o transporte público sustentável. A dependência de combustíveis fósseis, como o diesel nos ônibus e o uso intensivo de veículos particulares, apontada como os principais vilões do aumento das emissões.
Transporte: um gargalo urgente
O transporte é uma das maiores fontes de emissão de gases de efeito estufa em Manaus. A cidade, que sofre com congestionamentos crônicos e um sistema de transporte público deficiente, tem como desafio reduzir a frota de veículos movidos a combustíveis fósseis e adotar alternativas mais sustentáveis, como a expansão da malha cicloviária e a transição para uma frota de ônibus elétricos ou movidos a biocombustíveis.
Segundo o Relatório de Emissões de Gases de Efeito Estufa da cidade, os transportes urbanos representam mais de 40% das emissões de Manaus. Em resposta a isso, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) tem desenvolvido propostas para ampliar o uso de energias limpas e incentivar a eletrificação do transporte público, uma das soluções chave para a redução de emissões.
Potencial das fontes renováveis
O setor de energia é outro ponto de atenção para a cidade. A dependência de fontes energéticas não-renováveis na Amazônia, especialmente com o uso de termelétricas a diesel, aumenta as emissões de gases de efeito estufa, gerando impactos diretos na qualidade do ar e contribuindo para a mudança climática.
Entretanto, a localização geográfica de Manaus oferece um potencial imenso para a exploração de energias renováveis, como a solar e a hidrelétrica de pequena escala, que podem contribuir para uma transição mais sustentável. Em colaboração com empresas do setor, a cidade já vem investindo em pequenos projetos de energia solar para alimentar alguns setores públicos, mas ainda há muito a ser feito para que isso se torne uma solução em larga escala.
Oportunidades e desafios
Embora a pesquisa mostre que Manaus está atrás nas metas de redução de emissões, o município possui grandes oportunidades de reverter esse quadro. Programas como o “Manaus Verde e Saudável”, que visa ampliar as áreas verdes e restaurar florestas urbanas, são passos na direção certa. No entanto, especialistas alertam que, para atingir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, é necessário acelerar a implementação de políticas que integrem o desenvolvimento urbano sustentável e a preservação ambiental.
Com a Amazônia como parte vital de sua identidade, Manaus pode se tornar um exemplo de cidade sustentável, caso consiga equilibrar o crescimento urbano com práticas ecológicas e inovadoras. Para isso, será fundamental que as ações previstas no plano municipal sejam rapidamente colocadas em prática e que o poder público, a sociedade civil e o setor privado unam esforços na construção de uma cidade mais verde e resiliente.