DESTAQUEREGIÃO AMAZÔNICA

Estudo destaca práticas para fortalecer turismo sustentável em terras indígenas

Diagnóstico realizado pelo Instituto Sumaúma, com apoio do MDIC e PNUD, aponta caminhos para promover inclusão, preservação cultural e geração de renda

Um diagnóstico pioneiro realizado pelo Instituto Sumaúma, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), promete impulsionar o etnoturismo sustentável nas Terras Indígenas (TI) da Amazônia Legal. O estudo, concluído após seis meses de trabalho, culminou no lançamento do Guia de Boas Práticas, apresentado durante evento na TI Katukina-Kaxinawá, no Acre, e representa um marco no fortalecimento das políticas públicas voltadas para o turismo de base comunitária.

O etnoturismo nas Terras Indígenas é uma atividade que vai além da exploração turística. Ele promove a valorização dos saberes ancestrais, gera renda para os povos originários e contribui para a preservação ambiental e cultural.

“O turismo nas TIs deve ser protagonizado pelas comunidades locais, respeitando suas tradições e promovendo parcerias transparentes e justas”, destaca Lana Rosa, líder da equipe do diagnóstico e especialista em ciências ambientais.

De acordo com o estudo, iniciativas de turismo comunitário precisam ser geridas diretamente pelas aldeias, garantindo que os benefícios sejam revertidos para as próprias comunidades. Essa abordagem fortalece o modo de vida tradicional, ao mesmo tempo que educa os visitantes sobre a importância da floresta e dos valores indígenas.

Desafios e oportunidades

Embora o etnoturismo seja uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento sustentável, o diagnóstico revelou desafios significativos, como a falta de articulação entre as esferas estaduais e federais e a burocracia na regularização das atividades turísticas. “Muitas iniciativas que receberam investimentos no passado não estão mais ativas, enquanto outras enfrentam dificuldades para atender às regulamentações exigidas pela Funai”, explica Lana Rosa.

Por outro lado, o estudo identificou oportunidades valiosas, como o uso de práticas de economia de baixo impacto e o fortalecimento da sociobioeconomia. Atividades como extrativismo, produção agroflorestal e beneficiamento de matérias-primas têm potencial para complementar o turismo, gerando renda de forma sustentável.

Conexão entre viajantes e a Amazônia profunda

Daniel Cabrera, cofundador do Instituto Sumaúma, ressalta que o diagnóstico é um passo importante para ressignificar a relação entre turistas e a Amazônia. “O etnoturismo não é apenas sobre visitas; é uma ferramenta para valorizar as comunidades indígenas, promover autonomia e preservar a riqueza cultural e ambiental da região. Nossa meta é conectar viajantes a uma Amazônia que educa, emociona e transforma”, afirma Cabrera.

Um futuro sustentável para o etnoturismo

O lançamento do Guia de Boas Práticas é apenas o começo de um movimento mais amplo para consolidar o etnoturismo como um modelo de desenvolvimento sustentável. O relatório final reúne compromissos e projetos que visam estruturar o turismo de base comunitária, sempre com foco na preservação e na valorização dos povos originários.

Com o apoio de políticas públicas efetivas e maior articulação entre os setores envolvidos, o etnoturismo na Amazônia Legal tem o potencial de se tornar um exemplo mundial de como turismo e sustentabilidade podem caminhar lado a lado, promovendo uma experiência enriquecedora para visitantes e comunidades indígenas.

Fotos: EBC e Instituto Sumaúma//Divulgação

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