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Paulo Onça morre em Manaus e deixa o samba em silêncio e luto

Ícone da cultura popular amazonense, o compositor não resistiu às sequelas de uma agressão brutal e parte carregando nos ombros a dor de uma cidade marcada pela violência e pela saudade

Manaus está de luto nesta segunda-feira (26/5). Faleceu o sambista Paulo Onça, aos 63 anos, após mais de cinco meses de internação no Hospital e Pronto-Socorro Dr. João Lúcio, na zona Leste da capital amazonense. O artista foi vítima de uma agressão violenta em dezembro de 2024, após um acidente de trânsito na rua Major Gabriel, bairro Praça 14, zona Sul de Manaus.

Na madrugada de 5 de dezembro de 2024, Paulo Onça colidiu com o veículo do comerciante Adeilson Duque Fonseca, conhecido como “Bacana”, após avançar um sinal vermelho. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que, após a colisão, Adeilson desceu do carro e agrediu brutalmente o sambista, que ficou inconsciente no local.

Desde então, Paulo Onça passou por três cirurgias devido a um grave ferimento na cabeça, que resultou em afundamento craniano. Apesar de ter recebido alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em fevereiro de 2025 e iniciado um processo de reabilitação, seu estado de saúde permaneceu delicado.

A esposa do artista, Simone Andrade, expressou sua indignação com o ocorrido: “Estamos indignados. O Paulo não merecia isso. Ele não teve chance de defesa, não conseguiu falar, se explicar. Como o nome já diz, foi um acidente. Eu preferia que esse homem tivesse levado o meu marido para uma delegacia e não para uma UTI. Hoje o Paulo está lutando pela vida. Isso é muito revoltante”, desabafou.

A carreira de Paulo Onça é marcada por mais de 45 anos de dedicação ao samba. Compositor de mais de 130 músicas, ele teve parcerias com artistas renomados como Zeca Pagodinho e Jorge Aragão. Em 1998, foi um dos compositores do samba-enredo do Salgueiro sobre Parintins, e em 2017 contribuiu com o samba-enredo da Grande Rio em homenagem a Ivete Sangalo.

O caso gerou comoção entre artistas e fãs. Nas redes sociais, sambistas e escolas de samba manifestaram solidariedade e pediram justiça. “Paulo é um patrimônio do samba e não pode ser vítima de tamanha violência”, publicou a Escola de Samba Vitória Régia.

O velório de Paulo Onça será realizado nesta terça-feira (27/5), a partir das 9h, na quadra da Escola de Samba Vitória Régia, localizada no bairro Praça 14. O sepultamento está previsto para as 16h no Cemitério São João Batista.

A morte de Paulo Onça não é apenas uma perda para o samba amazonense, mas também um alerta sobre a violência que assola as ruas de Manaus. A família e os amigos do artista clamam por justiça, para que casos como este não se repitam e para que a memória de Paulo Onça seja honrada com respeito e dignidade.

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