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Bioeconomia amazônica pode gerar 833 mil empregos e fortalecer o PIB regional até 2050

Estudo aponta que investimentos sustentáveis e valorização da floresta em pé podem adicionar R$ 40 bilhões por ano à economia da Amazônia Legal

A bioeconomia desponta como uma das maiores oportunidades para transformar a realidade socioeconômica da Amazônia sem abrir mão da preservação ambiental. Um estudo conduzido pelo WRI Brasil e parceiros revela que, até 2050, o setor pode gerar até 833 mil empregos diretos e contribuir com R$ 40 bilhões anuais para o PIB regional, consolidando a região como referência mundial em economia de baixo carbono.

O relatório, chamado “Nova Economia da Amazônia”, apresenta um cenário em que o desenvolvimento está alinhado à manutenção da floresta em pé e à valorização dos saberes tradicionais. Ele projeta que, com políticas adequadas e incentivos financeiros, é possível estruturar cadeias produtivas baseadas em produtos como açaí, cacau, óleos vegetais, fibras naturais e madeira de manejo sustentável, fortalecendo comunidades locais e reduzindo pressões sobre áreas de floresta.

De acordo com o estudo, a bioeconomia amazônica tem potencial para agregar valor à produção regional ao integrar conhecimento científico, inovação tecnológica e práticas tradicionais de manejo sustentável. Isso inclui desde a verticalização da produção — agregando valor a produtos florestais — até o fortalecimento de mercados nacionais e internacionais para itens de origem sustentável.

Especialistas reforçam que o sucesso dessa transformação depende de investimentos em infraestrutura, acesso a crédito, regularização fundiária e políticas públicas estáveis, capazes de criar um ambiente seguro para empreendedores locais e investidores comprometidos com critérios ambientais, sociais e de governança (ESG).

Desenvolvimento com protagonismo local

O relatório ressalta que a transição para uma economia bioambiental exige protagonismo das comunidades tradicionais, mulheres e jovens amazônidas, garantindo que os benefícios cheguem diretamente a quem vive e protege a floresta. Para os pesquisadores, a participação ativa desses grupos é essencial para evitar que a bioeconomia seja apenas um discurso distante da realidade local.

Um novo modelo para o Brasil e o mundo

A bioeconomia amazônica é apresentada como um caminho estratégico para o Brasil cumprir compromissos climáticos internacionais, gerar renda de forma justa e promover um desenvolvimento compatível com a riqueza ambiental da região. A aposta nesse modelo também pode posicionar a Amazônia como laboratório global de soluções climáticas, atraindo investimentos e parcerias internacionais.

Com a COP30 marcada para novembro em Belém (PA), o tema deve ganhar ainda mais relevância nas discussões sobre o futuro da região. Para especialistas, o momento é decisivo: ou o Brasil investe em uma economia sustentável baseada na floresta em pé, ou continuará dependente de atividades de alto impacto ambiental que comprometem o futuro da Amazônia e de seus povos.

Fotos: Arquivo

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