PIB brasileiro sofre sob retração nas exportações e produção interna
Especialistas apontam que a economia do país desacelera diante de um cenário global desfavorável, com impactos sensíveis sobre setores-chave
O Brasil enfrenta um ano econômico de desafios: o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 deve atingir entre 2,3% e 2,4% de crescimento, sendo pressionado pela retração das exportações e pela fraqueza da produção interna, mesmo com consumo doméstico ainda firme e investimentos modorrentos.
Petya Koeva‑Brooks, diretora adjunta do Departamento de Pesquisa do FMI, adverte que novas tarifas dos EUA poderiam reduzir o PIB brasileiro entre 1,1 e 1,4 pontos percentuais, aprofundando a desaceleração econômica . O Fundo projeta crescimento de apenas 2,3% em 2025, abaixo dos 3,4% de 2024 .
No Brasil, o grupo de conjuntura do Ipea manteve sua projeção de crescimento em 2,4%, seguindo em linha com o desempenho observado no primeiro semestre, apesar da Selic elevada que tende a conter o ritmo econômico. Já o Banco Mundial e o Banco Inter apresentam previsões mais moderadas: entre 2,0% e 2,2% para o PIB de 2025.
Levantamentos de mercado apontam um amadurecimento do crescimento, mas com tendência à desaceleração no segundo semestre, especialmente por causa de juros altos e incertezas comerciais.
Setores mais vulneráveis
O setor industrial e agropecuário tem sentido com mais intensidade os efeitos da crise global. A indústria sofre com a desindustrialização estrutural do Brasil, que reduziu sua participação no PIB pela metade desde os anos 1980 — agravada por câmbio valorizado, burocracia e falta de investimentos.
As exportações de bens industriais recuaram em 2024, com destaque negativo para produtos agropecuários, que caíram cerca de 11%, enquanto bens manufaturados cresceram modestamente em torno de 2,5%. A ameaça de tarifas de até 50% por parte dos EUA também já impacta setores estratégicos como suco de laranja, café, químicos e bens industriais — com cancelamentos de pedidos e perda de contratos.
Pressões monetárias e fiscais
A combinação de taxas de juros elevadas — com a Selic podendo alcançar até 15% até o final do ano — e restrições fiscais (déficit primário de 0,7% do PIB e dívida pública de mais de 76%) limita a capacidade de estímulo do governo e pressiona o crédito e o investimento privado .
Impactos na região Amazônica
Para o Amazonas e demais estados da Amazônia, os efeitos adicionais se estendem à bioeconomia e exportação de commodities sustentáveis. A retração das exportações brasileiras pode limitar mercados em expansão para produtos regionais, ao mesmo tempo que a volatilidade global afeta investimentos na produção florestal e agroindustrial. A manutenção de juros elevados pode encarecer projetos de desenvolvimento sustentável na região.