Independência em disputa
No 7 de Setembro, o Brasil enfrenta o desafio de transformar soberania em justiça social, preservação da Amazônia e fortalecimento da democracia
O Dia da Independência, celebrado em 7 de setembro, deveria ser um momento de unidade nacional, de reflexão sobre a soberania e de celebração da democracia. No entanto, em 2025, a data chega carregada de contradições: desigualdade crescente, retrocessos ambientais, ameaças à liberdade e um Brasil que ainda busca se reencontrar com os ideais de emancipação proclamados há mais de dois séculos.
Se em 1822 o brado pela independência ecoou às margens do Ipiranga, hoje, os gritos que se ouvem vêm da floresta queimada, dos rios contaminados, das comunidades tradicionais ameaçadas, dos povos indígenas que resistem e dos milhões de brasileiros que lutam diariamente por dignidade e cidadania. A independência permanece, portanto, uma promessa inconclusa.
A Amazônia como centro da soberania
Nenhum debate sobre independência nacional pode ignorar a Amazônia. A região concentra a maior biodiversidade do planeta e um patrimônio estratégico de água, energia e recursos naturais. Mas também é palco de pressões internacionais, avanço do crime organizado, violência contra defensores ambientais e retrocessos na política climática.
A independência, para ser plena, exige que o Brasil proteja sua floresta, respeite seus povos originários e reconheça o valor econômico de seus serviços ambientais. Defender a Amazônia é, antes de tudo, defender a soberania nacional.
Democracia como conquista diária
O 7 de Setembro também coloca em pauta o compromisso democrático. Após anos de tensões políticas e tentativas de golpe, o país precisa consolidar instituições fortes, transparência pública e participação cidadã. A democracia não é um dado, mas uma construção coletiva — que depende da vigilância da sociedade e da recusa ao autoritarismo.
A independência, hoje, é também a capacidade de garantir direitos iguais a todos, de combater o racismo estrutural, de promover inclusão social e de assegurar liberdade de expressão.
A independência que queremos
Mais do que desfiles cívicos e discursos protocolares, o 7 de Setembro deve ser um convite à reflexão crítica. Que Brasil queremos celebrar? Um país que repete desigualdades históricas ou uma nação que avança em justiça social, proteção ambiental e valorização de sua diversidade cultural?
A independência verdadeira será aquela capaz de unir soberania, democracia e justiça socioambiental. Um projeto que enxergue a Amazônia não como fronteira de exploração, mas como centro de um futuro sustentável para o Brasil e para o mundo.