DESTAQUEREGIÃO AMAZÔNICA

Manaus antecipa debates da COP30 com simpósio que une ciência e sustentabilidade na Amazônia

Pesquisadores do Inpa e da Alemanha participam do simpósio que antecipa debates da COP30 sobre clima e sustentabilidade na Amazônia.

Manaus sedia, nesta quinta e sexta-feira (6 e 7 de novembro), o 2º Simpósio Amazônia 2030 – Questões de Sustentabilidade na Maior Região de Floresta Tropical do Mundo, promovido pela Universidade Nilton Lins, na capital amazonense. O encontro reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros para discutir os rumos da Amazônia e as ações urgentes contra as mudanças climáticas, em uma verdadeira prévia dos debates que antecedem a COP30, prevista para 2026 em Belém (PA).

O evento acontece no auditório Vânia Pimentel (Bloco Unicenter), no campus da Universidade Nilton Lins, e traz como destaques os cientistas Walter Leal Filho, da Universidade de Ciências Aplicadas de Hamburgo (Alemanha), e Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) — dois dos mais respeitados especialistas do mundo em sustentabilidade e Amazônia.

Ambos são coautores de um editorial publicado na revista Science, no qual criticam as contradições das políticas ambientais brasileiras em relação aos compromissos climáticos assumidos pelo país. Segundo o texto, o Brasil precisa alinhar suas ações internas às metas internacionais de mitigação, sob risco de comprometer o futuro da floresta e a credibilidade do país na governança ambiental global.

Ciência e ação em defesa da floresta

Com uma programação voltada à biodiversidade, mudanças climáticas, economia circular, agricultura sustentável e justiça social, o simpósio propõe um diálogo direto entre a academia, o setor produtivo e a sociedade civil. A meta é construir caminhos que conciliem desenvolvimento econômico e preservação ambiental, reafirmando o papel da Amazônia como peça-chave para o equilíbrio climático do planeta.

Para o pesquisador Philip Fearnside, a floresta amazônica presta um “serviço ambiental” inestimável à humanidade, ao absorver carbono e regular o regime de chuvas, mas esse papel ainda não é devidamente valorizado nas políticas públicas brasileiras. Já Walter Leal Filho reforça que o enfrentamento à crise climática passa pela educação para a sustentabilidade e pelo engajamento das universidades e instituições científicas na formulação de políticas de longo prazo.

Ponto de partida para a COP30

O Simpósio Amazônia 2030 consolida Manaus como um centro de referência nos debates sobre clima e sustentabilidade. Além de fortalecer o protagonismo científico da Amazônia, o evento também funciona como um termômetro para a COP30, ao reunir pesquisadores, gestores e lideranças locais em torno de pautas que devem guiar as negociações internacionais sobre a floresta e seus povos.

Com painéis, conferências e apresentações de trabalhos científicos, o simpósio é um espaço para reflexão e articulação, mas também um chamado à ação. Como lembram os organizadores, “a janela de tempo para conter os efeitos das mudanças climáticas está se fechando rapidamente — e a Amazônia é o epicentro dessa corrida contra o tempo”.

O papel da Amazônia nas soluções globais

Os debates desta edição reforçam que a Amazônia não é apenas um território ameaçado, mas uma fonte de soluções concretas para o planeta. Modelos de bioeconomia sustentável, inovação tecnológica, manejo florestal e inclusão social despontam como alternativas capazes de gerar renda e preservar o bioma. A proposta é transformar conhecimento em políticas, e políticas em resultados.

Ao reunir ciência, educação e engajamento, o simpósio faz de Manaus um dos principais polos de mobilização climática da Amazônia, antecipando o espírito de diálogo que a COP30 pretende consolidar. A floresta, mais uma vez, assume o centro do palco — não apenas como tema de preocupação global, mas como esperança e resposta para o futuro do planeta.

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