COLUNASOreni Braga

MANAUS, A PANDEMIA E O TURISMO

por Oreni Braga

As pesquisas apontam o que já tínhamos mencionado lá atrás, que o turismo doméstico é a opção do brasileiro após essa avalanche de mortes e de problemas sociais e psicológicos, causados pelo COVID-19.

Algumas cidades do Nordeste e do Sul do país, como Salvador, Fortaleza, Florianópolis, Recife e outras, já começaram a receber seus turistas, após um novo recomeço e adequação, por parte dos prestadores de serviços turísticos.

É notório o esforço dos governos locais em destinar recursos e esforços para chamar a atenção dos viajantes que estão ávidos para desfrutar de um local que lhes tragam prazer e alegria. E os resultados, mesmo que de forma lenta, já começam a ser contabilizados. Gramado e Canela no Rio Grande do Sul já estão de portas abertas, mesmo com restrições, para os primeiros visitantes pós-pandemia. Foz do Iguaçu abriu seus atrativos, a partir de 10 de junho e já vislumbra uma ocupação acima de 30%. Monte Verde e Serra do Cipó em Minas Gerais começaram a receber seus turistas desde 10 de junho. Bonito no Mato Grosso também voltou, atendendo as normas do novo normal.

Enfim, os destinos brasileiros iniciaram uma retomada mais “agressiva”, buscando os holofotes para seus atrativos, a fim de atrair a atenção do turista doméstico.

No entanto, nenhum desses destinos sofreu o massacre negativo nas mídias nacional e internacional, por conta do Coronavírus, como Manaus. Nunca em toda a história dessa cidade, nem na Copa do Mundo de 2014 quando foi cidade-sede, a Capital Amazonense foi divulgada intensamente, mesmo sendo considerada a Cidade Mágica pela FIFA. As notícias foram tão assustadoras que até o Papa Francisco fez contato com as autoridades católicas para render suas condolências e se comprometer a orar pelos manauaras.

Esse é um déficit (imagem negativa) que demandará muito esforço, recurso e vontade política para que a Capital Internacional da Amazônia possa resgatar a sua condição de cidade turística. Antes mesmo da pandemia, o setor de turismo se encontrava em ritmo lento necessitando de uma maior atenção por parte de quem dirige a cidade. Com a chegada do COVID-19, foi o tiro de misericórdia.

Em Manaus, o público alvo da hotelaria é o turista de negócios e o estrangeiro. Com a pandemia, os negócios diminuíram assustadoramente e as fronteiras foram fechadas, obrigando os empresários do setor a reduzir a capacidade de atendimento ou até mesmo, fechar seus estabelecimentos, causando um rastro de prejuízos incomensuráveis. Diante disso e da falta de apoio para com o setor, os empresários vivem dias maus e momentos incertos.

Então, qual é a saída?

Primeiro, é necessário que o setor receba uma preparação adequada para a retomada, recebendo a Certificação pelo Ministério do Turismo, com o Selo Turismo Responsável – Limpo e Seguro. Isso oferece ao turista a segurança de adentrar em um hotel, restaurante, bar, transporte turístico, entre outros, sem medo de ser feliz.

Sincronicamente, torna-se necessária uma Campanha Estratégica para posicionar a imagem positiva de Manaus, no mercado doméstico, como a primeira capital do país que superou a pandemia e que se prepara para a retomada do turismo responsável. Essa campanha pode ser nos fingers dos principais aeroportos, nos principais canais de TV aberta, na mídia especializada e nas redes sociais.

Em sendo um turista que Manaus precisa conquistar (doméstico), uma vez que não é seu nicho de mercado, o custo será alto, pois a capital amazonense tem concorrentes implacáveis para o turismo de natureza como Bonito, Pantanal e Foz do Iguaçu, e outros de praia e sol, os quais são os preferidos dos brasileiros.

É agora ou nunca! Ou se aposta em resgatar e potencializar a imagem de Manaus como uma cidade acolhedora para o turista brasileiro, ou os empresários do setor vão continuar a amargar com os prejuízos, na espera do turista que ainda não retomou seus negócios com a capital amazonense e do turista estrangeiro que demorará mais um ano para pensar em viajar para essas bandas.

Quem sabe com esse esforço e investimento necessários, a fama venha nos saudar!


Oreni Braga é Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental, Especialista em Ecoturismo, Planejamento e Gestão de Parques e Design de Ecolodges.


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