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Prossumidores e a importância da leitura e escrita em ambientes digitais

Por Antonio Siemsen Munhoz

Um dos principais dísticos sobre o relacionamento entre os temas comunicar e educar nos diz que: é preciso comunicar bem, para educar melhor. O termo educomunicação é um acrônimo sobre os temas em estudo. Ele cria um neologismo dos mais utilizados. A influência da leitura e escrita é tema de alta importância e um estudo mais detalhado sobre as consequências das mudanças provocadas pela digitalização do conteúdo presente na Internet se torna necessária.

A atividades de leitura e compreensão do texto e capacidade de expor suas ideias em novos ambientes digitais criam um novo elemento na taxonomia de classificações criadas a partir de diferentes óticas. É criado para o aluno uma nomenclatura especial: prossumidor. É aquela pessoa que capta e, ao mesmo tempo, dissemina novas informações na grande rede efetivando o processo de educomunicação digital.  Alguns pesquisadores consideram que ambientes lúdicos, como se apresenta o visual da sociedade do espetáculo, podem desviar os leitores provenientes de uma nova geração digital da importante atividade de pensamento crítico. Isto pode aprofundar de forma indesejável a incapacidade da crítica, inovação e criatividade. Esta nova geração é tradicionalmente superficial com descaso para a efetivação destas importantes atividades. 

Desafio e responsabilidade dos professores

Destarte, o processo de educomunicação está posto como resultado de novas formas de comunicação em uma sociedade apoiada no lúdico que nos é proporcionado em contextos audiovisuais. Isto dá uma visão mais aberta e crítica do mundo para os ambientes educacionais. O que assusta em algumas pesquisas, e são tidas como consequência indesejável são: a constatação, confirmada em diversas pesquisas, da diminuição do volume de leitura no conteúdo digital; dificuldade de concentração, fato reportado pelos próprios alunos, pelo gasto de tempo excessivo na leitura rotativa das telas de desktops, mini e micro dispositivos; a superficialidade demonstrada como característica desta nova geração que parece não gostar de perder tempo com atividades chatas e maçantes e exige respostas e soluções rápidas, que muitas vezes pode dificultar o poder de decisão; e o apoio em fontes não muito confiáveis que leva muitos alunos a recuperar conteúdo inadequado para ser utilizado.

O ambiente mostra uma necessidade de que alguém seja o responsável pela recuperação pelo prazer da leitura e escrita em ambientes digitais. Parece natural a todos que o candidato mais indicado para assumir tal tarefa seja o professor transformado em orientador. Será ele quem irá apontar caminhos e indicar fontes de dados e, considerar os alunos como capazes de elevada capacidade de aprendizagem independente (o que é desejável, mas nem sempre é verdade). Como complemento este novo professor deve saber valorizar os conhecimentos anteriores. Eles podem manifestar alta influência na participação ativa do aluno no ambiente educacional (o que é desejável, mas nem sempre é verdade) e que podem dar ao aluno um nível diferenciado de participação ativa no ambiente.

Esta mudança comunicacional é necessária e irá ocorrer via efetivação de um processo de comunicação trazido pelos celulares inteligentes e outros dispositivos tecnológicos móveis. Eles concentram grande parte da comunicação efetivada entre as pessoas. O lúdico e a dinâmica existente nesse tipo de comunicação afasta as pessoas das atividades reflexivas que podem ser desenvolvidas via leitura com efetivação do pensamento crítico. Este fato traz um desafio. Educadores, pais e todos os envolvidos com processos de comunicação devem aumentar a capacidade de leitura e compreensão de nossos jovens nos ambientes digitais. Além de tudo é preciso ter em mente um novo cuidado que surge: garantir a fidedignidade da fonte de estudo, necessidade colocada pela disseminação das Fake News. Estes são os principais desafios observados e que devem concentrar esforços em que a leitura de conteúdo digital não se perca em meio aos aspectos que podem desviar a atenção ou trazer compreensão incorreta dos fatos.

Leitura com pensamento crítico em três questionamentos

A necessidade de mudanças passa de forma direta pelo professor orientador. Ele deve enxergar o aluno como centro das atividades desenvolvidas no ambiente. Sua função é orientar  que todos efetuem uma auto análise sobre qualquer dificuldade relatada. O objetivo é verificar os agentes envolvidos em algum processo educacional. Esta auto análise deve nos responder se os agentes envolvidos estão preparados para enfrentar o desafio de utilizar a educomunicação como interface para captação dos conteúdos curriculares que são necessários, para efetivar o conhecimento em todas as situações e contextos.

A educação fica posta como resultado de um esforço conjunto de professores e comunicadores. Eles orientam qual a forma mais correta de utilizar as mídias existentes como ferramentas tecnológicas aplicadas ao trato de conteúdo educacional. Os professores estão preparados para atuar como comunicadores? Estão os comunicadores preparados para adequar a linguagem dos meios às necessidades didáticas e pedagógicas? Em que condições os alunos poderiam ter a motivação necessária? Como eles poderiam efetivar a leitura crítica do que é entregue como conteúdo que seja relevante para o aluno? É a partir de uma busca às respostas para estes questionamentos que se encontra o estado da arte da educomunicação e estão postos os desafios relatados.

Antonio Siemsen Munhoz é Doutor em Engenharia de Produção, Bacharel em Engenharia Civil, Especialista em Tecnologias Educacionais, Pós-graduado em Gestão Eletrônica de Documentos, com MBA em Design Thinking

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