MANAUS

Cidade de Manaus será alvo de pesquisa destinada a avaliar efeitos da vacina BCG na prevenção da Covid-19

A pesquisa irá avaliar se a BCG pode reduzir os impactos da Covid-19 em trabalhadores de saúde, inclusive nos que forem vacinados com uma das vacinas aprovadas pela Anvisa

A cidade de Manaus será uma das contempladas com uma pesquisa destinada a estudar se a vacina BCG, usada para prevenir formas graves da tuberculose na infância, pode gerar resposta imune protetora contra outras infecções como a Covid-19.

O estudo denominado Brace Trial Brasil (BTB), avaliará a redução dos impactos da COVID-19 em trabalhadores de saúde e para isso inicia um pré-cadastro de voluntários em Manaus.

O Brace Trial é um ensaio clínico de fase III que visa avaliar se a vacinação com BCG pode reduzir o impacto da COVID-19 em trabalhadores de saúde, população mais exposta ao novo coronavírus.

Os interessados devem se inscrever pela internet (www.ipccb.org/bcgbrasil), informou o Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB) da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), sob coordenação geral do médico infectologista Marcus Lacerda, que vai conduzir o estudo em Manaus.

As atividades do estudo iniciarão na próxima semana, no dia 27. A BCG (Bacillus Calmette–Guérin) é umas das principais vacinas utilizadas no mundo, sendo aplicada em cerca de 120 milhões de recém-nascidos anualmente.

Além de prevenir contra as formas graves de tuberculose na infância, a vacina pode gerar resposta imune protetora inespecífica contra outras infecções.

Três capitais

A vacina a ser utilizada no estudo é a mesma aplicada em crianças. A previsão é que cerca de 1 mil pessoas participem do estudo na cidade. Além de Manaus, no Brasil a pesquisa está sendo realizada no Rio de Janeiro e em Campo Grande.

De acordo com o instituto, poderão participar do estudo trabalhadores da saúde que realizam atividades em ambiente de assistência médica ou tenham contato pessoal com pacientes, tais como: enfermeiros, médicos, técnicos, fisioterapeutas, recepcionistas, porteiros, serviços gerais, atendimento homecare, acadêmicos em saúde em estágio hospitalar, entre outros.

Um critério importante para se candidatar são não ter sido diagnosticado com Covid-19 previamente por exame de swab, não ter tido tuberculose e não estar grávida. Os participantes do estudo poderão tomar uma das vacinas contra a Covid-19 aprovada pela Anvisa, com intervalo de 7 dias após ingressar no estudo; já aqueles que já tomaram uma vacina contra a Covid-19 não podem se candidatar.

Os participantes receberão acompanhamento periódico por até 1 ano, por meio de ligações telefônicas semanais e, se apresentarem qualquer sintoma sugestivo de Covid-19, poderão fazer a coleta do swab nasal para avaliar a presença de SARS-COV2.

No total, o estudo irá vacinar 10 mil voluntários na Austrália, Reino Unido, Espanha, Holanda e Brasil. Mundialmente, o projeto é liderado pelo Murdoch Children’s Research Institute, instituto de pesquisa australiano.
Na Grécia, um ensaio clínico de revacinação com BCG em idosos demonstrou uma redução de 79% de infecções respiratórias após um 1 ano de acompanhamento. Em pesquisa realizada na Guiné-Bissau, verificou-se que a vacina BCG reduziu em 38% as mortes em recém-nascidos naquele país, principalmente ao reduzir os casos de pneumonia e sepse. Na África do Sul, estudos relacionaram a vacina a uma redução de 73% nas infecções no nariz, na garganta e nos pulmões. Para o pré-cadastro e mais informações: www.ipccb.org/bcgbrasil.

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