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Workshop debate importância do acervo arqueológico da Usina Hidrelétrica de Balbina

Análises estão sendo feitas em acervo de 1,5 milhão de peças de material cerâmico e 1,4 mil de material lítico recolhidos antes da inundação do lago

Os primeiros resultados das análises e curadoria ainda são parciais, mas os frutos da parceria destinada a salvaguardar, proteger e administrar um dos mais importantes patrimônios culturais do Estado, guardado há três décadas, que é o acervo arqueológico recolhido da área inundada pela Hidrelétrica de Balbina, já estão sendo colhidos.

A parceria é entre o Instituto de Proteção ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas (SEC), Eletrobras e Inside Consultora Científica, responsáveis pelo curadoria e estudos e a implantação do Laboratório de Arqueologia Alfredo Mendonça, no Centro Cultural Chaminé, o primeiro do Estado, que está sendo adaptado para receber o material, composto por mais de 1,5 milhão de peças de material cerâmico, mais de um 1,4 mil em material lítico (objetos produzidos em pedra) e cerca de 460 louças, recolhidos de 143 sítios identificados à época.

Seminário

Em seminário on-line, iniciado no último dia 10, segunda-feira, e que encerra nesta quarta-feira (12/5) sob o título de “Projeto de Curadoria, Análise e Educação Patrimonial”, estão sendo apresentados os estudos iniciais realizados nos acervos recolhidos há 30 anos dos povos que habitavam aquela região há milhares de anos, destacou o professor Rhuan Carlos Lopes, coordenador do projeto, que reúne também a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Universidade Federal de Rondônia (Unir).

No evento de abertura, a diretora regional do Iphan, Mônica Almeida Nogueira, destacou a importância do acervo e a ação da Iphan na preservação do acervo e após a ação civil interposta pela Justiça, o órgão buscou estabelecer o diálogo com vários setores para realizar a curadoria.

O secretário de Cultura do Estado, Marcos Apolo de Araújo, destacou o pioneirismo do laboratório de arqueologia, que no futuro vai permitir ampliar as ações nessa área no Amazonas.

A responsável pelo Laboratório de Arqueologia Alfredo Mendonça, da Secretaria de Estado da Cultura do Amazonas (SEC), arqueóloga Tatiana de Lima Pedrosa Santos, afirmou a importância dos estudos da área onde foram recolhidas as peças de material cerâmico, material lítico (objetos produzidos em pedra) e louças, por ultrapassar as fronteiras do Estado.

De acordo com ela, a parceria entre SEC, Inside Consultoria e Iphan, oportuniza a implantação de um laboratório para se estudar um dos mais importantes patrimônios culturais do Estado.

Wagner Veiga, diretor da Inside, por sua vez, afirmou a importância do trabalho considerado pioneiro tanto de curadoria quanto de análise e agradeceu pelas parcerias, que incluiu não só os órgãos, mas também a comunidade do município de Figueiredo e da Vila de Balbina.

Inovação

Ontem, dia 11, outro arqueólogo, João Aires destacou a inovação do trabalho de análise do tratamento de dados arqueológico, com o uso de um aplicativo, que disponibiliza um banco de dados com a ficha dos bens materiais, agregando todas as informações necessárias para a análise arqueológica.

Taciane Souza, arqueóloga da Inside, que coordena a área de conservação de restauro, destacou o trabalho de levantamento climático das salas onde ficarão os acervos, cujo monitoramento tem sido constante, com cuidados preventivos essenciais para a preservação do material.

Sobre o geoprocessamento dos dados, uma inovação obtida no trabalho, o arqueólogo Kelton Mendes, destacou ter sido fundamental para a identificação dos sítios e também com detalhes sobre alguns, que permitem conhecer mais sobre os povos que produziram os materiais.

Com esse sistema, mesmo com poucas informações disponíveis, os pontos da localização dos 143 sítios foram digitalizados e plotados com imagem de satélite para se garantir a geolocalização dos que foram identificados na década de 80 do século passado, esclareceu. “Mesmo com poucas informações, foi possível fazer a identificação da localização dos sítios, alguns dos quais ainda não foram inundados, o que permite novos estudos sobre esses grupos que viveram nessa região”, completou Kelton.

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