Tanara reitora: a vitória da ciência, da mulher e da resistência

Dora Tupinambá (*)

Sou egressa da Universidade Federal do Amazonas. Entrei na UFAM em 1981, ainda muito jovem, cheia de sonhos e certezas. Me graduei em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo — ofício que abraço até hoje com ética, compromisso e paixão.

Foi dentro desses corredores, entre livros, pautas e movimentos estudantis, que comecei a moldar minha visão de mundo. A UFAM não apenas me formou jornalista — forjou em mim uma cidadã atenta, crítica e apaixonada pela Amazônia.

Tanara Lauschner eu conheci ainda menina. Filha de um grande amigo, Luiz Lauschner, e de dona Sebila Gruber, mulher forte e acolhedora, que junto aos filhos ergueu uma família admirável. Tanara, desde cedo, já revelava sua fibra. Uma jovem obstinada, de ideias firmes, inquieta diante das injustiças, com brilho nos olhos de quem não aceita o mundo como está.

Seguiu o caminho da Tecnologia da Informação, campo ainda pouco ocupado por mulheres na época, e mesmo ali nunca se calou — lutou, marchou, sonhou alto. Cresceu como pesquisadora, militante, professora, e agora, com merecimento e coragem, torna-se reitora da nossa Universidade Federal do Amazonas.

A eleição foi dura, polarizada, reflexo do país que ainda se divide entre avanços e retrocessos. Mas Tanara venceu. E sua vitória é mais do que pessoal: é coletiva, simbólica, histórica.

É a ciência vencendo a ignorância.

É a mulher vencendo o machismo.

É a Amazônia vencendo o silêncio.

Tanara representa a força das muitas que vieram antes, das que estão ao lado, e das que virão depois. Ela chega à Reitoria com a bagagem de quem conhece por dentro os muros da universidade — e mais, de quem nunca deixou de ouvir os que ficaram do lado de fora.

Como egressa, mulher amazônida, jornalista e apaixonada por essa terra, sinto um orgulho imenso. A UFAM está em boas mãos.

(*) Dora Tupinambá

Jornalista, egressa da UFAM, primeira mulher presidente do Sindicato dos Jornalistas do Amazonas