Cheia exige ação firme da prefeitura que reforça proteção à famílias em áreas de risco
Construção de pontes, monitoramento e auxílio social mostram que a gestão municipal de Manaus se antecipou aos efeitos da subida dos rios, ainda que os desafios sigam imensos
A cheia do rio Negro, que já atinge níveis preocupantes e ameaça intensificar seus impactos nas próximas semanas, coloca à prova a capacidade de resposta do poder público. Em Manaus, a Prefeitura tem atuado de forma preventiva, articulando secretarias e concentrando esforços para minimizar os prejuízos às famílias mais vulneráveis, muitas delas localizadas nas margens dos igarapés e bairros historicamente afetados.
A construção de pontes provisórias em madeira — como as que estão em andamento nos bairros São Jorge e Educandos — garante o direito de ir e vir da população ribeirinha, que não pode ficar isolada à mercê das águas. Até o momento, mais de 400 metros de passarelas já foram entregues, o que mostra organização e rapidez da Defesa Civil do município e da Secretaria de Infraestrutura (Seminf).
Outro ponto positivo da atual gestão é a integração entre áreas essenciais. A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) intensificou o monitoramento de surtos e promove ações educativas contra doenças comuns neste período, como leptospirose e hepatites. Já a Secretaria de Assistência Social (Semasc) acompanha de perto famílias desalojadas e iniciou o cadastramento para concessão de auxílio-aluguel, o que pode ser decisivo para evitar que a crise ambiental se transforme também em uma crise humanitária.
De acordo com dados oficiais do Serviço Geológico do Brasil (SGB), a cheia de 2025 tem grande potencial de impacto. A previsão é de que o rio Negro atinja aproximadamente 28,91 metros nas próximas semanas, com um intervalo provável entre 28,38 e 29,45 metros. Como a cota de inundação severa é de 29 metros, existe uma probabilidade de 42% de que ela seja alcançada, o que exige vigilância redobrada por parte das autoridades. A cheia já superou a cota mínima de transbordamento (27,50 m), e embora a maior cheia histórica (30,02 m em 2021) deva permanecer inatingida neste ano, os riscos seguem elevados.
Diante dessas projeções, a gestão municipal atuou com antecedência. Ainda no mês de abril, reuniu dez órgãos no Centro de Cooperação da Cidade (CCC) para estabelecer um plano conjunto, que envolvesse desde medidas estruturais até ações de conscientização. Parte desse esforço foi potencializado com o lançamento de um formulário participativo, em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), para que moradores apontem áreas de risco, ajudando a mapear e reduzir impactos futuros.
É fato que os desafios são grandes — e que a cidade ainda convive com a vulnerabilidade de ocupações irregulares e falta de saneamento em várias zonas. Mas, diante da emergência, é justo reconhecer que há um planejamento em curso e vontade política para proteger os mais frágeis. Ações que antes eram apenas reativas agora têm sido tomadas com mais antecedência.
Fotos: Divulgação/Semcom