PIM ganha novo fôlego com investimentos bilionários e fortalecimento da Zona Franca
Faturamento cresce mais de 15% no primeiro trimestre de 2025, enquanto 89 novos projetos industriais anunciam R$ 3 bilhões em aportes e geração de empregos na capital amazônica
O coração da indústria na Amazônia bate mais forte em 2025. O Polo Industrial de Manaus (PIM), principal motor econômico do estado do Amazonas, comemora um primeiro trimestre aquecido com crescimento de 15,61% no faturamento em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo a marca de R$ 55,6 bilhões.
Os dados da Suframa confirmam a retomada da confiança empresarial e o papel estratégico da Zona Franca de Manaus (ZFM) na atração de investimentos e inovação em plena floresta.
Impulsionado por incentivos fiscais e estabilidade institucional, o modelo ZFM atraiu 89 novos projetos industriais entre março e maio, totalizando R$ 3 bilhões em investimentos aprovados por órgãos como o Codam e o Governo do Amazonas. As iniciativas devem gerar mais de 3.800 empregos diretos e indiretos nos próximos dois anos.
Setores líderes e novas apostas
Entre os setores que puxam o crescimento estão eletroeletrônicos, duas rodas, informática e componentes, que juntos representam mais de 60% do faturamento total do Polo. Empresas consolidadas como Samsung, Honda e Cal-Comp seguem ampliando operações, enquanto novos players apostam em nichos estratégicos, como saúde, mobilidade urbana e energia limpa.
Um dos destaques é a Bioamazonas, que investirá R$ 333 milhões na produção de fitoterápicos com insumos da biodiversidade regional. Já a Inled Tecnologia vai aplicar R$ 283 milhões na fabricação de placas de circuito impresso. A Reicon Condutores, por sua vez, prepara a implantação de uma planta de fios de cobre, apostando no crescimento da demanda por infraestrutura elétrica.
“Estamos vivendo um momento decisivo de virada industrial. A Zona Franca segue sendo o diferencial competitivo que nos permite atrair empresas que geram tecnologia, renda e oportunidades para a população amazônica”, destaca Antônio Silva, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam).
Empregos e perspectiva sustentável
Atualmente, o PIM mantém quase 130 mil postos de trabalho diretos e movimenta outros milhares de empregos indiretos em logística, serviços e comércio. A previsão é de que, com a concretização dos projetos em curso, o Polo ultrapasse a marca de 135 mil empregos formais até o fim do ano.
Além do impacto econômico, o modelo da Zona Franca tem papel crucial na preservação da floresta amazônica, uma vez que representa uma alternativa viável ao desmatamento. Estudos mostram que mais de 90% da cobertura vegetal do estado do Amazonas está preservada — em parte graças à geração de emprego e renda urbanos via o modelo industrial.
Desafios à frente
Apesar do bom momento, o setor industrial amazonense ainda enfrenta gargalos em infraestrutura logística, conectividade digital e formação profissional. Empresários também alertam para a necessidade de estabilidade jurídica e manutenção dos benefícios fiscais que garantem a competitividade do modelo ZFM frente a outros polos nacionais e internacionais.
“A Zona Franca não é privilégio. É um instrumento de justiça regional e proteção da Amazônia. Cada investimento aqui é uma barreira contra a degradação ambiental e a desigualdade social”, afirma Izabela Lima, economista e professora da Ufam.