Brasil completa 40 anos de redemocratização e consolida avanços políticos
Transição política trouxe novos desafios e transformações com impacto duradouro na sociedade brasileira
Em 2025, o Brasil marca quatro décadas do início de sua redemocratização, um processo que representou o fim da ditadura militar (1964-1985) e a retomada da democracia no país. Esse período foi marcado por tensões políticas, grandes mobilizações populares e mudanças estruturais que moldaram o sistema político e social brasileiro.
O regime militar, instaurado em 1964, começou a perder força no final dos anos 1970, com a pressão crescente da sociedade civil e da oposição política. A anistia de 1979 permitiu o retorno de exilados e prisioneiros políticos, enquanto o movimento das Diretas Já, em 1984, mobilizou milhões de brasileiros pela volta das eleições diretas para presidente.
No entanto, a redemocratização seguiu um caminho mais gradual. Como resultado da resistência dos setores militares e da base governista, a eleição presidencial de 1985 ainda foi indireta, decidida pelo Colégio Eleitoral. O candidato da oposição, Tancredo Neves, venceu Paulo Maluf, garantindo a primeira grande vitória política contra o regime.
Tancredo simbolizava a conciliação entre diferentes forças políticas e era visto como o líder capaz de conduzir o país à nova ordem democrática. Sua eleição gerou enorme expectativa, mas, tragicamente, ele adoeceu antes da posse e faleceu em 21 de abril de 1985, sem assumir o cargo.
José Sarney e o desafio da transição
Com a morte de Tancredo, José Sarney, que fora escolhido como vice-presidente, assumiu interinamente e, posteriormente, tornou-se presidente efetivo. Ex-integrante do partido governista durante o regime militar, Sarney teve a difícil missão de garantir a transição para a democracia e lidar com uma economia em crise.
Seu governo foi marcado por medidas emergenciais, como o Plano Cruzado, que buscou conter a hiperinflação, além do esforço de estabilizar as instituições democráticas. Sob sua liderança, foi convocada a Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela elaboração da nova Constituição.
A Constituição de 1988 e a consolidação democrática
A promulgação da Constituição Federal em 5 de outubro de 1988 foi o marco definitivo da redemocratização. Conhecida como a “Constituição Cidadã”, ela garantiu uma ampla gama de direitos sociais, civis e políticos, fortalecendo o Estado Democrático de Direito. Entre suas conquistas, destacam-se o voto direto para presidente, a liberdade de imprensa, o direito de organização sindical e a ampliação de garantias individuais.
A nova Carta Magna também estabeleceu o equilíbrio entre os poderes, ampliou a participação popular na política e deu origem a políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades sociais.
Impactos e legado da redemocratização
Os 40 anos da redemocratização do Brasil nos levam a refletir sobre os avanços e desafios da democracia no país. O fim do regime militar permitiu a realização de eleições livres, a diversificação do debate político e a criação de mecanismos de participação popular. Entretanto, a instabilidade econômica e as crises políticas dos anos seguintes mostraram que a consolidação democrática exigiria um esforço contínuo.
A transição liderada por Tancredo Neves e José Sarney foi fundamental para a construção de um Brasil mais plural e democrático. A Constituição de 1988 permanece como o principal símbolo desse processo, orientando os rumos do país e garantindo direitos fundamentais.
Quatro décadas depois, o Brasil segue enfrentando desafios para fortalecer suas instituições e garantir que os valores democráticos sejam preservados, reafirmando o compromisso com a liberdade, a justiça social e o desenvolvimento sustentável.