DESTAQUEMEIO AMBIENTE

Expedição científica avalia impacto do mercúrio e microplásticos nos rios da Amazônia

Pesquisadores partem em missão pelo Rio Madeira para analisar a qualidade da água e os riscos ambientais da poluição na bacia amazônica.

Pesquisadores do Programa de Monitoramento de Água, Ar e Solos do Amazonas (ProQAS/AM) embarcaram, neste sábado (15/03), em uma nova expedição pelo Rio Madeira. A bordo do barco de pesquisa Roberto dos Santos Vieira, a equipe percorrerá a região por 12 dias, analisando a qualidade da água e investigando a presença de microplásticos e mercúrio, substâncias que ameaçam o ecossistema e a saúde das populações ribeirinhas.

O estudo conta com o apoio do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e de instituições como Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Ministério Público do Amazonas (MPAM) e Universidade de Harvard.

Monitoramento e impactos ambientais

Durante a expedição, os pesquisadores coletarão amostras para avaliar 164 parâmetros de qualidade da água, com foco especial no mercúrio, um metal altamente tóxico. Segundo o coordenador do ProQAS/AM, Sergio Duvoisin Junior, os dados coletados serão enviados para análises aprofundadas na Universidade de Harvard, que é referência mundial no estudo do mercúrio.

“Nosso objetivo é entender como essas substâncias estão afetando a bacia amazônica, não só na água, mas também nos sedimentos e nos peixes consumidos pela população. Esse monitoramento é essencial para avaliar os impactos ambientais e de saúde pública na região”, explicou Duvoisin.

Microplásticos: um problema crescente

Além do mercúrio, a expedição também investigará a contaminação por microplásticos, resíduos plásticos microscópicos que poluem os rios e podem chegar até os oceanos. A pesquisadora Naiana Lopes Ramos, mestranda na Universidade de Genebra, estuda os impactos dessa poluição e destaca a importância da conscientização.

“O plástico vem pelo vento, pelo ar, e acaba nos rios. Separar e descartar corretamente o lixo é fundamental para reduzir essa contaminação. O impacto dos microplásticos não afeta apenas a Amazônia, mas todo o planeta”, alertou Naiana.

Ciência a serviço da preservação

Os resultados da expedição serão disponibilizados ao público por meio do Plano Estadual de Recursos Hídricos, auxiliando ações de fiscalização e preservação ambiental. Segundo o diretor-presidente do Ipaam, Gustavo Picanço, o monitoramento contínuo das bacias amazônicas é essencial para a gestão sustentável dos recursos naturais.

“Esse programa traz dados fundamentais para orientar políticas públicas e estratégias de conservação. O Ipaam foi um dos primeiros apoiadores dessa iniciativa, e seguimos comprometidos em fortalecer esse trabalho”, afirmou Picanço.

Nos próximos meses, o ProQAS/AM continuará suas expedições, expandindo o monitoramento para outras regiões da Amazônia. A expectativa é avançar para o Rio Solimões, Purus e Juruá, ampliando a base de dados e reforçando a proteção dos rios amazônicos.

Fotos:  Moisés Henrique/Ipaam

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