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Amazonas corre o mesmo risco de apagões que o Amapá, alerta deputado Serafim Corrêa

Empresa privada, responsável pelo abastecimento levou 11 meses sem fazer a manutenção de um transformador que acabou explodindo no Amapá, mas poderia ser no Amazonas

Depois de fazer um alerta sobre a necessidade de regulamentação e fiscalização periódica dos transformadores responsáveis pelo abastecimento de energia elétrica do Amazonas, em discurso no plenário da Assembleia Legislativa, sem que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), tenha se posicionado sobre os questionados feitos, nesta segunda-feira (23/11), em entrevista ao Valor Amazônico, o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), voltou a manifestar preocupação sobre os riscos do Amazonas enfrentar os mesmos problemas do Amapá.

De acordo com o parlamentar, o problema pode se repetir daqui a alguns anos no Amazonas, que é atendido pelo mesmo linhão. “O silêncio da Aneel é preocupante, na avaliação do parlamentar, porque significa não ter o que dizer, ainda mais quando se sabe que a empresa espanhola que administra o linhão está em recuperação judicial, atravessando situações bem complicadas”, adverte o parlamentar, dizendo ter feito o que podia para chamar atenção para o problema.

Segundo Serafim, se ocorrer em Manaus o blecaute que ocorreu em Macapá, a cidade não ficará totalmente às porque tem 7% da energia fornecida pela Hidrelétrica de Balbina. “Mas a nossa energia é complementada pela de Tucuruí, por isso as autoridades devem estar em alerta”, argumenta, lembrando que o Amapá completou 22 dias às escuras depois da explosão do transformador.

Serafim mostrou, através em um mapa, a passagem das subestações das linhas de transmissão de Tucuruí. “Essa linha em vermelho traz a energia da hidrelétrica de Tucuruí, atravessa Rio Amazonas e sai uma linha para a direita que leva energia para o Amapá. Uma outra linha para a esquerda, que já chegou a Manaus e que espera levar até Roraima, mas por uma questão não resolvida envolvendo indígenas essa linha de transmissão não avançou. Da mesma forma que explodiu o transformador que vai de Tucuruí para Macapá, e de lá para todo o estado do Amapá, poderia ter explodido a outra vai para a esquerda. Aí seríamos nós, seria Manaus que estaria às escuras”, observou.

Responsabilidade

O deputado lembra que se o problema tivesse acontecido no Rio de Janeiro, em São Paulo ou em Brasília já teriam dado um jeito, mas como é no Amapá, como é na Amazônia, ninguém liga. “A empresa responsável pelo abastecimento é privada e levou 11 meses para fazer a manutenção de um transformador. Como não concluiu, terminou que o transformador explodiu”, lamentou o deputado, lembrando a responsabilidade do poder público, no caso a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), de regulamentar e fiscalizar essas empresas.

“Têm outras coisas que são de responsabilidade do poder público. A primeira é a regulação e a segunda é a fiscalização. Aneel que é tão rápida para aumentar a tarifa de energia e não foi rápida para ver que tínhamos ali um caos próximo, que terminou acontecendo. Povo do Amapá merece a solidariedade de todos nós, da Amazônia para um todo, porque o tratamento que ele nos dá é bem diferente do tratamento que ele dá para o Sul”, afirma.

Em discurso na tribuna, Serafim que é líder do PSB na Assembleia Legislativa, fez um apelo às autoridades estaduais, municipais e federais, à bancada de deputados e senadores da região amazônica, para que reforcem a fiscalização para que o problema seja evitado no futuro.

“Ouso dizer que se providências não forem tomadas de imediato corremos o risco de dizer: Amapá, eu sou você amanhã.  É preciso agir, porque depois que estoura leva tempo para consertar. Denuncio esse fato e manifesto a minha solidariedade ao povo do Amapá”, alerta o parlamentar.

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