Amazonas inicia utilização de novo medicamento para cura da malária vivax
Tafenoquina será utilizada em Manaus e Porto Velho, reduzindo o tempo de tratamento
O Amazonas inicia a implementação da tafenoquina, medicamento que reduz o tempo de tratamento da malária vivax, em unidades da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM). Nesta segunda (20/09) às 10h, o lançamento da utilização do medicamento será realizado no auditório do Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB), na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).
A proposta de implantação do medicamento para o tratamento da malária e do diagnóstico da doença está entre os projetos que compõem a ação de reorganização da rede, por meio do Programa Saúde Amazonas.
Na primeira fase da implantação do medicamento estão inseridas quatro unidades de urgência e emergência da SES-AM; nas próximas fases, serão inseridas as demais unidades do Estado e da Prefeitura de Manaus.
A tafenoquina é um medicamento administrado em dose única, que facilitará a adesão do paciente e será uma alternativa ao tratamento com primaquina, administrada por sete dias. A nova droga não exclui o uso associado com cloroquina.
Durante o lançamento serão apresentados os resultados dos estudos do medicamento, as ações realizadas e os próximos passos com o uso do remédio na prática para o diagnóstico e tratamento da doença nas redes de saúde dos dois municípios. Também haverá o lançamento do teste de G6PD para diagnóstico da malária.
A cerimônia contará com a presença de representantes do Ministério da Saúde (MS), da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), das Fundações e das Secretarias Estaduais de Saúde do Amazonas e Roraima e Secretarias Municipais de Saúde de Manaus e Porto Velho.
Estudo TRuST
O uso do medicamento é resultado do estudo Tafenoquine Roll-oUt STudy (TRuST), conduzido pelo MS e pela Medicines for Malaria Venture (MMV),que tem o objetivo de entender a viabilidade de fornecer um tratamento de cura radical apropriado com base nos resultados do teste G6PD realizado em cenários do mundo real.
Para o vice-presidente executivo e gerente de Acesso e Produto da MMV, George Jagoe, os esforços em introduzir esta abordagem inovadora para o tratamento da malária, em parceria com o MS, são um motivo de orgulho.
“Por meio dessa iniciativa, o Brasil está gerando evidências para entender melhor o potencial deste novo esquema de tratamento no aumento da adesão do paciente. Os resultados deste trabalho podem acelerar a eliminação da malária no Brasil e em outros países”, disse o vice-presidente.
Em Manaus, o TRuST é liderado pela FMT-HVD, o Centro de Pesquisas em Medicina Tropical de Rondônia (Cepem), juntamente das Secretarias Estaduais de Saúde do Amazonas e Roraima e Secretarias Municipais de Saúde de Manaus e Porto Velho.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o teste de G6PD em outubro de 2018. A tafenoquina foi aprovada, em outubro de 2019, com base nos estudos clínicos de Fase 3 também realizados em Manaus e Porto Velho.
A medicação pode ser administrada para maiores de 16 anos que, obrigatoriamente, realizaram o teste de G6PD, uma enzima protetora presente no organismo humano. Pessoas com deficiência na produção dessa enzima podem apresentar reação (hemólise) ao uso de antimaláricos. A testagem irá proporcionar maior segurança e tratamento adequado aos pacientes.
Fotos: Diego Britto/IPCCB e Thiago Freire/FMT-HVD